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O Adepto

O futebol profissional dedica esta época desportiva aos adeptos e famílias, sob o lema “O Futebol és Tu”, com o propósito de fomentar o seu regresso aos estádios. Até ao momento, os dados revelam um aumento significativo de espetadores em relação ao período transato. Apesar disso, há um longo caminho a percorrer.

No que toca à parceria entre a Liga Portugal e o Continente, é com certeza, uma campanha inovadora que posiciona o adepto como o foco e reconhece-o como um elemento indispensável. O projeto, por um lado, apresenta vantagens e beneficia os clubes com imensa dificuldade em atrair público aos estádios. Para estes é, decerto, uma alavancagem para levar mais pessoas aos seus recintos. Do ponto de vista do adepto, é viável, pois adquire bilhetes a baixo custo. Similarmente, a marca Continente valoriza-se.

Por outro lado, reduz, superficialmente, as receitas de bilhética das sociedades desportivas. Além do mais, os bilhetes não têm uma bancada fixa, o que patenteia uma das questões fundamentais do projeto, a segurança. São vários os episódios em que existe a mistura de adeptos de dois clubes, por exemplo, nos jogos com equipas “grandes”, muitos não conseguem adquirir bilhetes para a bancada visitante e acabam por assistir ao jogo em setores da equipa visitada, o que torna os serviços operacionais restritos, afetando a gestão de multidões e o risco de segurança nos eventos desportivos. Uma das medidas que pode contrariar esta ameaça são os bilhetes nominais e o controlo de acesso com reconhecimento facial. Infelizmente, vivemos numa sociedade que não está preparada para aderir pacificamente a este tipo de resoluções.

Referindo ainda outro prisma, lamentavelmente, a qualidade de serviço em alguns estádios portugueses é desagradável e penosa. Este cenário faz com que muitas pessoas renunciem à ida ao futebol, porque sentem que não são dadas condições mínimas. Muitos optam pela via digital. A satisfação do adepto deve ser tida mais em conta por parte de alguns promotores.

É de saudar este tipo de iniciativas que centralizam o adepto e que promovem a democratização do acesso aos estádios. Acredito, todavia, vivamente que o formato atual possa ser aprimorado e sofrer alguns ajustes, de modo a valorizar a campanha, o público-alvo e reter todas as sociedades desportivas do futebol profissional.

O adepto é parte integrante do desporto, é uma necessidade tê-lo nos estádios pelo seu contributo de diferentes formas: paixão, emoção e colorido nas bancadas. Além de que o desporto é, deve ser, uma escola de civismo. Resumidamente, os adeptos fazem parte e são consumidores do espetáculo desportivo.

Todos fazemos parte da Mudança!