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Trégua é insuficiente para levar ajuda à Faixa de Gaza

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Foto: EPA/ATEF SAFADI

A possibilidade de uma trégua de quatro dias aberta pelo acordo celebrado entre Israel e o Hamas é insuficiente para levar a ajuda necessária à Faixa de Gaza, alertaram hoje várias organizações não-governamentais (ONG), apelando para um cessar-fogo.

"É insuficiente e certamente não é suficiente em termos de direitos humanos", afirmou Paul O'Brien, diretor executivo da Amnistia Internacional nos Estados Unidos, durante uma videoconferência em que também participaram as organizações Handicap International, Médicos do Mundo, Oxfam, Médicos Sem Fronteiras e Save the Children.

Israel e o movimento islamita Hamas chegaram a um acordo sobre a libertação de reféns detidos na Faixa de Gaza em troca de prisioneiros palestinianos, e que também prevê uma "pausa humanitária", como referiu o Qatar, um dos mediadores deste entendimento.

O objetivo é permitir a entrada de mais ajuda humanitária e de emergência, no contexto do cerco total que o enclave palestiniano enfrenta, sem abastecimento de água, eletricidade e combustível.

"Em quatro dias não podemos levar comida a dois milhões de pessoas, cuidar de dois milhões de pessoas", lamentou, no entanto, Danila Zizi, responsável da Handicap International, acreditando que seria "uma gota no oceano".

Estas ONG apelam para o estabelecimento de um cessar-fogo, bem como à abertura de outros pontos de entrada na Faixa de Gaza além de Rafah, na fronteira com o Egito, para poder chegar a mais áreas do território.

Com a pausa prevista das hostilidades, "é possível levar medicamentos, combustível, mas não utilizá-los corretamente e chegar às pessoas que deles necessitam", insistiu, por sua vez, Joël Weiler, diretor-geral da Médicos do Mundo.

As ONG reiteraram também a sua condenação dos bombardeamentos contra hospitais e outras infraestruturas de saúde, lamentando profundamente a morte de vários dos membros das suas equipas.

"Os hospitais nunca deveriam, em hipótese alguma, ser alvos", criticou Avril Benoît, diretora-geral dos Médicos Sem Fronteiras nos Estados Unidos.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 47.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 14 mil mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.