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Historiador José Eduardo Franco agraciado no Brasil

O professor catedrático, natural de Machico, é o único estrangeiro a ser distinguido pela Academia Brasileira de Filosofia

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O historiador e professor catedrático madeirense, José Eduardo Franco, é agraciado pela Academia Brasileira de Filosofia, numa cerimónia que decorre amanhã no Rio de Janeiro.

Ao DIÁRIO, José Eduardo Franco disse que foi uma “completamente surpresa”, quando recebeu a notícia de que seria distinguido pela Academia Brasileira de Filosofia.

"Tenho trabalhado com algumas Universidades Brasileiras e tenho feito alguma investigação no Brasil e publicado alguns livros também que importam à cultura e história do Brasil. Talvez seja por causa disso que venha agora este reconhecimento que é mais um estímulo para continuarmos o trabalho que temos desenvolvido, em aproximar estes dois países irmãos, pela via da cultura, da universidade" José Eduardo Franco, historiador e professor

 O madeirense natural de Machico explicou ainda que nestes últimos anos tem acolhido em Portugal muitos investigadores e pessoas do Brasil que tem orientado e também desenvolvido em conjunto alguns trabalhos e obras. 

Já quando questionado sobre este reconhecimento vindo de fora do país, foi peremptório.

"Eu não trabalho para os reconhecimentos. Eu vejo o meu trabalho como uma missão ao serviço da cultura, ao serviço do meu povo, do meu país e também daquilo que é dar um contributo a através da cultura e das ciências para o progresso cultural, científico da sociedade onde me enquadro. E portanto, procurando também criar relações com os outros países, nomeadamente com o Brasil que é um país com quem especialmente tenho trabalhado. Para mim, os reconhecimentos são uma forma de dar um estímulo adicional para continuar o trabalho" José Eduardo Franco

Para o historiador madeirense os reconhecimentos podem ter duas funções. "Uma para fazer uma pessoa parar, porque  já cumpriu a sua missão e agora já pode descansar. No meu caso é o contrário. Os reconhecimentos são uma forma de ganhar uma energia adicional para continuar o trabalho que tenho desenvolvido ao serviços das pessoas", disse em declarações ao DIÁRIO. 

José Eduardo Franco explicou que, neste caso do Brasil, tem contribuído para ajudar muitos colegas do Brasil, ao nível da orientação científica, em termos de acolhimento e em termos de criação de projectos conjuntos e, portanto, vai continuar a fazer esse trabalho. Até porque acredita que “os nossos países, são países irmãos, têm a mesma língua, tem uma relação história extraordinária e muito rica e nós precisamos de continuar a alimentar esta relação com o Brasil". 

A Academia Brasileira de Filosofia todos os anos faz uma cerimónia de reconhecimento de vários brasileiros e estrangeiros. Este ano o historiador e professor Catedrático José Eduardo Franco é o homenageado estrangeiro eleito pela agremiação. 

Sobre José Eduardo Historiador

Professor Catedrático Convidado da Universidade Aberto e Titular da CIDH – Cátedra FCT/Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização (Universidade Aberta/Polo do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). Membro da Academia Portuguesa da História.

Doutorou-se em “História e Civilizações” pela EHESS de Paris, em Cultura pela Universidade de Aveiro, sendo mestre em História Moderna pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da mesma Universidade. Concluiu com sucesso a coordenação de vários projetos de investigação de grande fôlego, entre os quais os volumes do Dicionário Histórico das Ordens, a Obra Completa do Padre Manuel Antunes em 14 volumes e o projeto Arquivo Secreto do Vaticano em 3 volumes.

Da sua vastíssima bibliografia destacam-se os estudos aprofundados sobre Vieira, os Jesuítas e o Marquês de Pombal. Atualmente, dirige com Pedro Calafete o grande projeto luso-brasileiro intitulado “Vieira Global”, que publicou a Obra Completa do Padre António Vieira em 30 volumes, e prepara um Dicionário do Padre António Vieira, assim como a tradução e edição da obra seleta deste autor em 20 línguas de grande circulação internacional. Coordena ainda o projeto “Culturas em negativo”, de que resultará a publicação de um Dicionário dos Antis e de uma História da Cultura Portuguesa em Negativo.

A matriz deste projeto, à semelhança de outros seus, já está a ser adaptada e desenvolvida noutros países. Da sua vastíssima bibliografia, destacam-se os seguintes livros: O Mito de Portugal, Lisboa, FMMVAD/Roma Editora, 2000, e O Mito dos Jesuítas em Portugal e no Brasil, Séculos XVI-XX, 2 Vols., Lisboa, Gradiva, 2006-2007; Dança dos Demónios: Intolerância em Portugal, coordenação em parceria com António Marujo, Lisboa, Círculo de Leitores/Temas e Debates, 2009; Brotar Educação, Lisboa, Roma Editora, 1999; Monita Secreta (Instruções Secretas dos Jesuítas).

História de um manual conspiracionista (em coautoria com Christine Vogel), Lisboa, Roma Editora, 2002; Influência de Joaquim de Flora em Portugal e na Europa. Com edição dos escritos de Natália Correia sobre a “Utopia da Idade Feminina do Espírito Santo” (em coautoria com José Augusto Mourão), Lisboa, Roma Editora, 2004; O Padre António Vieira e as Mulheres: Uma visão barroca do universo feminino (em coautoria com Isabel Morán Cabanas), Porto, Campo das Letras, 2008; Holodomor. A desconhecida tragédia ucraniana (1932-1933), coordenação em parceria com Beata Elzbieta Cieszynska, Lisboa, Grácio Editor, 2013; Portugal Tolerante.

Um milénio de convivência no espaço português. Textos para o diálogo intercultural, coordenação em parceira com Paulo Mendes Pinto, Lisboa, Sinais de Fogo, 2014; Jesuítas, Construtores da Globalização, em coautoria com Carlos Fiolhais, Lisboa, CTT-Correios de Portugal, 2016. Tem ainda ensinado, como professor convidado e visitador, em várias universidades a nível internacional, entre as quais a Universidade de São Paulo, a Universidade de Paris Panteón-Assas, a Universidade de Chemnitz, a Universidade de Santiago de Compostela, a Universidade de Alcalá de Henares e a Universidade Federal de Sergipe. Foi-lhe atribuída, em 2015, a Medalha de Mérito Cultural do Estado Português, o mais importante galardão atribuído pelo Governo Português, como reconhecimento dos serviços prestados à Cultura e à Ciência.