Madeira

"Governo Regional está refém do Grupo Sousa"

Dina Letra propõe-se a "acabar" com "todos estes monopólios" na Madeira

Coordenadora regional do Bloco de Esquerda foi até ao Porto do Funchal.
Coordenadora regional do Bloco de Esquerda foi até ao Porto do Funchal.

O Lobo Marinho está há cerca de uma semana em Viana do Castelo para os habituais trabalhos de manutenção e o Bloco de Esquerda (BE) aproveitou para, esta sexta-feira, lembrar que "a população do Porto Santo" ficará até Fevereiro "esquecida e isolada, com todos os constrangimentos que daí advêm".

A coordenadora regional do partido, Dina Letra, lembrou que está em causa a própria "continuidade territorial entre todo o arquipélago" e que "o Governo Regional tem obrigação de assegurar, como aliás também exige, e bem, a Lisboa, mas que depois, a nível doméstico, falha em absoluto".

Mais um ano em que a economia local, já de si frágil devido à sazonalidade, é prejudicada pela falta do ferry e pela empresa que o Governo Regional da Madeira escolheu, por ajuste directo, para operar a linha de transporte marítimo regular entre as ilhas. E Miguel Albuquerque, em vez de fazer piadas e desvalorizar as dificuldades por que passa a população do Porto Santo, deve sim explicações. Dina Letra

Segundo a bloquista, Miguel Albuquerque "deve explicar, em primeiro lugar, porque não cumpre a Lei da Contratação Pública e por que é que não lançou o concurso público internacional conforme a lei o obriga a fazer".

"Por que opta pelo ajuste directo ao mesmo grupo económico de sempre, que não tem introduzido qualquer melhoria na operação. Por que é que o Governo Regional está refém do Grupo Sousa e deste monopólio que foi criado pelos governos do PSD-M?", questiona Dina Letra.

Miguel Albuquerque deve explicar também a todas e a todos os madeirenses e, particularmente, aos porto-santenses, porque vão continuar a ter os mesmos problemas com a ligação marítima até 2035. Por que é que o Governo Regional, no contrato anunciado da nova concessão, não incluiu a obrigação de a Porto Santo Line cumprir o serviço público e de manter a linha marítima a operar nos 12 meses do ano. Esta é uma opção política. E é uma opção do governo PSD-CDS manter tudo como está. Dina Letra

'Lobo Marinho' já está nos estaleiros de Viana do Castelo

O navio 'Lobo Marinho', que assegura a ligação marítima entre a Madeira e o Porto Santo, já se encontra nos estaleiros navais, em Viana do Castelo, onde vai estar em manutenção durante cinco semanas.

"Desde há muitos anos que se assiste às dificuldades e preocupações por que passam a população e os comerciantes do Porto Santo, pelos alertas da autarquia local, mas tudo caiu em saco roto já que este governo PSD-CDS, tendo tido oportunidade de resolver este problema e de defender os interesses maiores de toda a sua população optou, mais uma vez, por manter este monopólio", prossegue nas acusações.

Para o BE-Madeira é assim "imperativo acabar com todos estes monopólios, com estes regimes de privilégio que asfixiam a nossa democracia, os direitos e a vida dos cidadãos" e "só quando este governo PSD/CDS cair isso vai acontecer".

Custos de substituição "são incomportáveis"

No início da semana, Miguel Albuquerque foi questionado sobre o assunto e reforçou aos jornalistas que o ferry que assegura a linha do Porto Santo “tem de ter manutenção” e que os custos em assegurar uma alternativa marítima durante as cinco semanas de ausência do navio ‘Lobo Marinho’ “são incomportáveis”.

Além disso, lembrou que os residentes no Porto Santo têm garantidos 50 lugares diários na ligação aérea inter-ilhas “a preço residual”, ou seja, a 10 euros por trajecto. Reforçou ainda que no último ano, por esta altura, a alternativa aérea na ligação inter-ilhas teve uma afluência na ordem dos 20%, para concluir que “há uma alternativa” muito acessível à ligação marítima enquanto esta está suspensa para a habitual manutenção anual do ferry.

Acho que neste momento não vale a pena estarmos a inventar. É fundamental que o Lobo Marinho tenha uma operação de manutenção, porque se não tiver uma operação de manutenção põe em risco a operação e até em jogo questões de segurança. Agora, estar a inventar uma operação em Janeiro de transporte de marítimo, durante um mês, para o Porto Santo - não há nenhum ferry que queira operar durante um mês e mesmo que queira operar são preços exorbitantes que não há nenhuma razão para pagar.  Miguel Albuquerque