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Oposição denuncia empresários que defenderam golpe se Bolsonaro perder

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Foto EPA

A oposição brasileira denunciou, esta quinta-feira, empresários que apoiam o Presidente, Jair Bolsonaro, por um suposto plano de golpe em caso de derrota do atual chefe de Estado nas eleições de outubro.

"Estamos acionando o Supremo Tribunal Federal, pedindo a suspensão de segredos [telemáticos e bancários], bloqueio [de bens] e se necessário prisão", porque "a democracia não pode tolerar a convivência com quem quer sabotá-la", anunciou o senador Randolfe Rodrigues, do partido Rede Sustentabilidade.

A denúncia é baseada numa reportagem publicada pelo portal Metrópoles, que durante meses investigou a atividade de grupos de mensagens em que participam importantes empresários braisleiros e também um cidadão português que mora no Brasil chamado Carlos Molina, dono da empresa de auditoria Polaris, que são ligados aos grupos de extrema-direita que apoiam Bolsonaro.

Nas mensagens obtidas e divulgadas pela Metrópoles, vários desses empresários afirma-se abertamente a favor da promoção de um golpe de Estado se as sondagens se confirmarem e Lula da Silva, candidato de uma frente progressista liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), vencer eleições presidenciais.

Não faltam críticas também à Justiça Eleitoral e às urnas eletrónicas que o Brasil adotou em 1996 e que, segundo Bolsonaro, incentivam fraudes, apesar de nenhuma irregularidade ter sido denunciada desde a sua implementação.

Da mesma forma, as mensagens refletem o apoio desses empresários aos movimentos de extrema-direita que há mais de um ano exigem o encerramento do Parlamento e do STF através de uma intervenção militar que manteria Bolsonaro no poder.

"Prefiro um golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil, como fazem com várias ditaduras do mundo", escreveu um empresário identificado como José Kury, que tem negócios milionários no mercado imobiliário do Rio de Janeiro.

As mensagens também incentivam que no dia 7 de setembro, por ocasião das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, os cidadãos se juntem aos militares e que nesse dia "fique claro de que lado está o Exército".

A denúncia apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues e outros parlamentares da oposição foi apoiada por entidades jurídicas, que pediram a inclusão de empresários num processo sobre milícias digitais que atuam na internet, semeiam desinformação e incentivam ataques contra instituições democráticas.

Nesse processo, que tramita no STF, o próprio Bolsonaro e diversos elementos dos grupos de extrema-direita que o apoiam e têm promovido grandes manifestações para exigir uma intervenção das Forças Armadas já estão a ser investigados.