Menos é mais

Paro, penso, analiso...E concluo que algum dia, talvez, tudo possa fazer sentido. Entretanto, tudo o que nos cabe decidir é o que fazer no tempo que nos foi concedido. Erigir uma Sociedade de maior razão, verdade e solidariedade pressupõe o contributo de todos, embora de forma diversa, como é óbvio. Há momentos em que a imagem não incorpora nada que não pudesse ser acrescentado pela ausência da mesma. Até o próprio som não soma nenhum contorno mais especial do que aquele que é traduzido pelo silêncio. Há demasiada imagem e muito ruído. Mas há muito boa gente que não percebe isso. Criar uma plataforma digital para suporte publicitário e desfile de egos superlativos, de mestres em hipérbole, de pessoas deslumbradas, que julgam tudo lhes ser devido e que todos os seus desejos são para satisfazer, só acessível à sua côrte cínica de admiradores, pouparia o mais comum dos mortais de tropeçar em tanta feira de vaidades. Pretensas elites não passam de pretensiosismos.

Não podemos, enquanto sociedade, estar dependentes da acção individual de uns poucos, nem permitir tiques ditatoriais do género de que, quem não é por mim é contra mim, de umbiguismos doentios...

É ilimitada a arrogância da vaidade que sentem nos cargos que exercem transitoriamente. A vaidade e a petulância sobrepõem -se à humildade e nós, cidadãos, somos vítimas por ricochete da sua insensatez. Sim. Porque é preciso coragem, talento e desfaçatez para tamanha prepotência. Muitos mantêm uma relação distante com a verdadde e não entendem que não há, necessariamente, animosidade pessoal quando se criticam opções/posições.

Sente-se um rumor subterrâneo de descontentamento traduzido em muitos artigos, cartas, crónicas etc. sob forma de denúncia anónima, sintomático de que não há total liberdade de expressão, que é intocável, mas há pessoas que só gostam da liberdade de expressão para si.

É preciso continuar a cultivar "o cravo que mata o medo “e não deixar que os "medos matem os cravos”. O medo controla, paralisa e distorce. O medo está latente na omissão, na acomodação, na submissão/aceitação, até nas situações mais inusitadas. Impera um escrutínio feroz nas redes sociais que condiciona as opções das pessoas. Algumas até são advertidas, sem qualquer tipo de pudor, parara se absterem de comentar publicamente x e y, sob pena de perderem privilégios e serem prejudicadas. Porque é preciso preservar o emprego do marido, da esposa, dos filhos dos afilhados e afins, optam pela via privada para fazê-lo. Faço apenas uma leitura em relação a isto - repressão. Porém, “quem se cala com o que está torto está entortando cada vez mais”.

Detesto acomodados e ignorância.

Desculpar e ignorar é tão mau como conhecer e não denunciar.

Madalena Castro