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Coronavírus Mundo

África lança consórcio para supervisionar ensaios sobre vacina

Director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana anunciou hoje lançamento

"Queremos assegurar à população que os ensaios clínicos da vacina são feitos no continente da forma mais apropriada e segura", disse

O diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) anunciou hoje o lançamento de um consórcio para supervisionar os ensaios clínicos da vacina para a covid-19 a decorrer em África.

"A União Africana estabeleceu, através do África CDC, um consórcio para supervisionar os ensaios clínicos sobre a vacina para a covid-19, o CONCVACT", disse John Nkengasong, que falava hoje a partir de Adis Abeba, no encontro semanal com jornalistas para abordar a progressão da doença no continente africano.

De acordo com este responsável, o consórcio pretende "juntar todo o conhecimento existente no continente sobre a vacina para atuar de maneira coordenada e assegurar que os ensaios clínicos são conduzidos de forma apropriada".

Por outro lado, acrescentou John Nkengasong, o consórcio irá permitir ao África CDC relacionar-se com os fabricantes de vacinas em todo o mundo para "identificar os principais candidatos a fazerem ensaios clínicos no continente" e participar "nas discussões" lideradas pela Aliança Global para as Vacinas (GAVI) para "negociar a posição africana no desenvolvimento e acesso à vacina".

"Queremos assegurar à população que os ensaios clínicos da vacina são feitos no continente da forma mais apropriada e segura", disse.

De momento, apenas a África do Sul e o Egito estão a participar em ensaios clínicos para a vacina de covid-19 e, para o diretor do África CDC, um continente de 1,3 mil milhões de pessoas "merece que mais de dois países participem".

A criação do consórcio é um resultado da conferência virtual sobre o papel de liderança de África no desenvolvimento e acesso à vacina para a covid-19, realizada em junho.

A conferência foi organizada pelo África CDC e presidida pelo Presidente em exercício da União Africana e chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, que, na altura, sublinhou a necessidade de "apoiar a contribuição de cientistas e profissionais de saúde africanos".

"É extremamente importante que os académicos, investigadores e o setor privado trabalhem em conjunto e utilizem todas as plataformas disponíveis para o desenvolvimento da vacina covid-19", disse, por seu lado, o presidente da comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, na mesma conferência.

O CONCVACT visa assegurar para o continente a participação em mais de 10 ensaios clínicos de vacinas em fase avançada, reunindo fabricantes e financiadores globais de vacinas, bem como organizações africanas que facilitam os ensaios clínicos.

O objetivo é assegurar que sejam gerados dados suficientes sobre a segurança e eficácia das vacinas candidatas mais promissoras para a população africana, para que possam ser lançadas com confiança em África, uma vez aprovadas.

O consórcio será copresidido pelo diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, pelo diretor do Comité Consultivo Ministerial para a covid-19 da África do Sul e pelo diretor-geral do Centro de Desenvolvimento de Vacinas do Mali

Outros membros do consórcio incluirão representantes de organizações-chave de apoio a ensaios clínicos no continente, incluindo a Organização Mundial de Saúde, The Africa Academy of Sciences Clinical Trials Community, o Institute Pasteur, o African Vaccine Regulatory Forum, a African Medicines Agency, entre outros.

"A África deve desempenhar um papel ativo na garantia de uma vacina eficaz contra a covid-19. Trata-se do nosso futuro e do nosso desenvolvimento", sublinhou John Nkengasong.

Em África, há 12.206 mortos confirmados devido à covid-19 em mais de 522 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A pandemia já provocou mais de 549 mil mortos e infetou mais de 12 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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