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Mário Centeno iniciou hoje funções como governador do Banco de Portugal

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Foto Lusa

O ex-ministro das Finanças e ex-presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, iniciou hoje funções como governador do Banco de Portugal (BdP), depois de ter sido aprovada a sua nomeação para o cargo na quinta-feira.

A cerimónia de apresentação pública do novo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, teve lugar, esta manhã, no Ministério das Finanças, em Lisboa.

Num discurso que durou 10 minutos, Mário Centeno referiu a "enorme honra" e "entusiasmo" com que enfrenta as novas funções, assinalando que "a independência do Banco de Portugal não se questiona nem se impõe" porque ao "Banco de Portugal não cabe ter estados de alma acerca da natureza da sua independência, muito menos ao seu governador".

Falando na cerimónia de tomada de posse, à qual assistiram o presidente do Tribunal de Contas, o seu antecessor no BdP, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos e ainda os presidentes executivos dos principais bancos a operar no mercado português, entre outros convidados, Mário Centeno apontou os quatro desafios estratégicos que se colocam à instituição que agora passa a liderar.

Entre esses objetivos estão: assegurar uma supervisão eficiente, exigente e proativa num mundo em que a transição digital tem alterado a prestação de serviços financeiros, participar e influenciar a política monetária europeia num contexto de taxas de juros baixas, definir uma política macroprudencial que assegure a estabilidade do sistema financeiro e não permita a acumulação de riscos sistémicos e credibilizar o mecanismo e o processo de resolução bancária.

Numa intervenção pontuada por referências à independência e depois de ter sublinhado que a do Banco de Portugal não se questiona, o novo governador do BdP acentuou que também não cabe ao supervisor do sistema financeiro "viver fechado" para e sobre "si próprio", considerando que "isso não assegura a independência, cria a irrelevância".

"A capacidade técnica, de intervenção pública e política e o capital reputacional de toda a instituição, começando pelo governador, são a melhor garantia de uma instituição sólida, coesa e que viva para a sociedade", disse ainda Mário Centeno.

O novo governador, que viu a sua indigitação para o cargo ser alvo de crítica por parte dos partidos da oposição pelo facto de ter desempenhado as funções de ministro das Finanças nestes últimos cinco anos, disse não acreditar "em estratégias de dividir para reinar" e que sempre geriu as instituições por onde passou "de portas abertas".

Mário Centeno apontou ainda que o "país precisa, como nunca, de instituições fortes e renovadas e de lideranças capazes de enfrentar os desafios que se nos põem com determinação, num contexto europeu e mundial competitivo", afirmando ser, por isso, com "enorme entusiasmo, mas sobretudo com responsabilidade e plena consciência dos desafios futuros" que encara a liderança do Banco de Portugal.

"O Banco de Portugal tem de ser uma instituição de referência", referiu depois de já ter precisado que "o Banco de Portugal é fulcral", seja "quando consegue cumprir com sucesso os seus objetivos, o que tantas vezes não é apercebido pela sociedade, seja quando falha nesse cumprimento, o que tem sempre enorme impacto e visibilidade".

"O Banco de Portugal pode e deve contribuir decisivamente para a definição de políticas nacionais coerentes, de portas abertas, e para uma estratégia nacional que permita a Portugal vencer os importantes desafios que se lhe colocam na Europa e no mundo", precisou ainda Mário Centeno.

Ao longo da sua intervenção, o novo governador do BdP sublinhou também o seu trajeto académico, no BdP, como governante e presidente do Eurogrupo, que lhe permitiu "adquirir e amadurecer o conhecimento e o saber, que foram as bases essenciais para exercer, com sucesso e ponderação, cargos públicos".

Numa intervenção também de cerca de 10 minutos, o ministro das Finanças, João Leão, afirmou que a escolha de Mário Centeno "contribuirá para que o país esteja representado ao mais alto nível" entre os governadores de bancos centrais da zona euro.

"Estou confiante que Mário Centeno é a pessoa certa para lidera o Banco de Portugal neste momento exigente", referiu o ministro, reafirmando o que já tinha dito na semana passada durante uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças.

Antes João Leão tinha deixado uma palavra de agradecimento a Carlos Costa, sublinhando que o mandato que agora cessa "foi exercido em condições económicas muito difíceis", tendo atravessado uma das maiores crises mundiais, com um "impacto muito profundo" no sistema financeiro.

O anúncio da aprovação da nomeação de Mário Centeno para governador do BdP, sob proposta do ministro das Finanças, João Leão, foi feito aos jornalistas no final da reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.

Mário Centeno sucede a Carlos Costa, cujo segundo mandato terminou em 08 de Julho, depois de 10 anos à frente daquela instituição.

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