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Efeitos da pandemia

Nesta fase o objetivo é conter a infeção, para não sobrecarregar os serviços de saúde e evitar o aumento exponencial do número de mortes

Com o surgimento dos primeiros casos de infeção por coronavírus na China no último trimestre de 2019, a Organização Mundial de Saúde e as sociedades ocidentais estavam longe de antecipar que rapidamente estaríamos perante uma situação pandémica que colocaria desafios sanitários, económicos, sociais e laborais de imprevisível impacto a nível global, pondo em evidência a fragilidade dos sistemas constituídos.

A situação é tão volátil que está a originar alterações de âmbito individual e coletivo para as quais as sociedades e os sistemas de saúde não estavam preparados, mudanças que nos tocam a todos de perto e colidem com hábitos e procedimentos quotidianos há muito tempo apreendidos e nem sempre fáceis de modificar.

O momento exige respostas rápidas e eficazes, que tenham em consideração os setores mais afetados, com medidas coordenadas aos vários níveis que incidam com particular atenção sobre os mais vulneráveis.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a dimensão humana desta pandemia vai muito além das respostas em saúde, ela mostrou sem contemplações as vulnerabilidades do mercado laboral alterando o funcionamento de empresas de todas as áreas e dimensões, que de forma repentina reduziram as horas de trabalho, pararam as suas atividades ou encerraram com perdas de postos de trabalho, aumentando as insolvências os despedimentos e consequentemente a pobreza.

Ainda segundo esta organização que estava a analisar as varias temáticas sobre as profundas alterações no mundo do trabalho no sentido de encontrar meios que proporcionem melhores oportunidades de emprego e condições de trabalho digno para todos, a pandemia veio evidenciar a necessidade de aprofundar e melhorar o diálogo social entre governos, empregadores e trabalhadores de forma a evitar que em 2020 se cometam os mesmos erros que ocorreram na década de trinta.

Nesta fase o objetivo é conter a infeção, para não sobrecarregar os serviços de saúde e evitar o aumento exponencial do número de mortes, dando condições de trabalho e proteção aos profissionais de saúde que trabalham diariamente pela saúde de todos. Simultaneamente não se pode negligenciar outros setores como o económico onde se deve evitar que a economia entre em recessão prolongada ou mesmo em depressão profunda o que acarretaria consequências dramáticas para a população.

Dos futuros desafios temos o teletrabalho que oferece novas possibilidades para trabalhadores e empregadores. É um modelo que permite ao trabalhador negociar diferentes condições de exercício. Apesar dos princípios gerais estarem considerados no código do trabalho a ausência de uma regulamentação mais assertiva e profunda numa relação desigual entre empregador e trabalhador levanta vários problemas que urge rapidamente ultrapassar.

Nem todos as atividades podem ser executadas em teletrabalho, muitas vezes este surge em acumulação com a atividade principal o que pode duplicar as horas trabalhadas. Não estão garantidas as condições para a conciliação entre a atividade profissional e a vida familiar do trabalhador. Por outro lado, altera a dinâmica das equipas e da solidariedade laboral nas empresas o que poderá originar problemas de ordem social e de saúde individual do trabalhador que importa rapidamente acautelar.

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