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Atirar lenha para a fogueira

Os governantes que recusaram a vinda do helicóptro para a Madeira, mesmo sem fazer qualquer ensaio, deveriam ser julgados pelos tribunais

Neste momento procedem-se a duas florestações, ou melhor, reflorestações no concelho do Funchal, uma da responsabilidade da Câmara Municipal e outra do Governo Regional, através da Secretaria do Ambiente.

Estão ambas corretas, ambas erradas ou uma correta e a outra errada?

Claro que a resposta dependerá do ponto de vista de cada um. Eu vou expor o meu ponto de vista e deixo aos leitores a escolha da resposta à pergunta anteriormente feita. O Governo Regional está a florestar aquilo que eu chamo de anel corta fogo e que já escrevi diversas vezes sobre este assunto. Há necessidade de plantar espécies que sejam capazes de evitar que o fogo desça até à parte urbana como aconteceu em 2016. Foram adquiridos vários terrenos para esse efeito, uns pelo governo e outros doados por particulares ou entidades públicas, como por exemplo a EEM. Começaram os trabalhos já há algum tempo, limpando o terreno, pois este corta fogo situa-se em zona de eucaliptos e de mato, abriram acessos e aceiros para facilitar os trabalhos de florestação e a facilitar o combate a incêndios futuros e evitar que o fogo passe de um lado para outro. Anunciaram a construção de um tanque com capacidade para 1.500 m3 em betão armado, cujo custo certamente que daria para montar um tanque prefabricado com capacidade para doze mil m3, guardando-se água suficiente para a rega das plantas nos primeiros anos, para apagar incêndios florestais e também urbanos, trazendo-se uma conduta até à cidade, feita em ferro.

Escolheram-se as plantas. O local é uma zona de transição que deveria ser aproveitado para a produção de fruta, como Maçãs, Peras, Nozes, cerejas, ameixas, castanhas estas, na parte mais alta, fazendo uma cortina a separar esta faixa da “serra”. Em simultâneo o terreno poderia ser aproveitado para o pastoreio com a sementeira de gramíneas que ajudariam a segurar a terra. Plantar plantas da Laurissilva a esta altitude, pode ter consequências de alterações climatéricas, pois, como se sabe aquela floresta é húmida e vai atrair as humidades e os nevoeiros, podendo provocar uma zona com humidades superiores aos 90%, influenciando o clima do Funchal.

A Camara Municipal do Funchal está a florestar o parque ecológico, mas parece que se esqueceu de toda aquela giesta e mato que lá existe e que poderá ser um grande combustível para incêndios futuros. Primeiro deveria ter sido feita a limpeza, de preferência com as chamadas cabras sapadoras que além de fazerem essa limpeza serviam para a produção de carne e de queijo. Terreno limpo, não só permitiria um melhor desenvolvimento das plantas, como evitaria incêndios futuros. As nascentes de águas deveriam ser aproveitadas para a rega das plantinhas nos primeiros anos, depois de entancadas e distribuídas em tubos de ferro, criando postos de abastecimento dos carros dos bombeiros. Seria feita, também uma rede de aceiros, para melhor controlo de qualquer fogo futuro e construída uma rede viária, de modo a que as viaturas possam chegar rapidamente ao “lume”.

Tanto num caso, como noutro os tanques também serviriam para abastecer o helicóptero, que tão bons serviços tem prestado à Madeira. Os governantes que recusaram a sua vinda para a Madeira, mesmo sem fazer qualquer ensaio, deveriam ser julgados pelos tribunais e pagarem do seu bolso todos os estragos provocados por decisões mal tomadas.

Recordo-me que quando foram os grandes incêndios de 2012, fiz um trabalho e entreguei ao Secretário que tinha a tutela das florestas, sobre o que eu entendia que deveriam fazer de imediato. Passado algum tempo o referido secretário disse-me que finalmente tinha feito um trabalho sério sobre os incêndios florestais, em vez de só criticarem, agradeceu-me e disse-me que tinha publicado cerca de 70% do meu trabalho em portarias, mas que esquecesse a questão do gado controlado na serra e que também era contra a vinda de um helicóptero para a Madeira.

Felizmente o Deputado do PS, Carlos Pereira, meteu-se no assunto dos meios aéreos de corpo inteiro e conseguiu que fizessem ensaios com um avião e um helicóptero com sucesso.

Cada um que faça os seus julgamentos

A Madeira sente-se mais segura.

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