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Sequelas do Confinamento

As medidas adotadas para conter o COVID-19, provocaram uma desaceleração sem precedentes na atividade económica regional. É verdade que o choque foi global e transversal a quase todos os sectores de atividade e regiões do país, mas é também verdade e fácil de perceber que as regiões com maior dependência em sectores como o turismo, hotelaria e restauração, terão maior dificuldade em sair do ciclo recessivo gerado pelo confinamento e pelo medo de uma nova vaga.

Foram três meses de confinamento generalizado a nível mundial, com restrições de mobilidade que tiveram um impacto na procura e na oferta a nível global. Com isto, praticamente todos os sectores de atividade foram afetados, mas com especial impacto nos que requerem presença física; nos considerados não essênciais; e nos que estão dependentes de cadeias de valor globais. Em concreto, o sector dos serviços de turismo, o lazer, a hotelaria, a restauração e o pequeno comércio, foram os mais afetados. Se olharmos para a Madeira, podemos facilmente perceber que muitas empresas regionais foram afetadas diretamente, e muitas outras indiretamente, pelo que acabamos com um impacto na grande maioria de todo o tecido empresarial.

As perspectivas não são animadoras, porque durante a “nova normalidade” viveremos com uma maior aversão ao risco e com alterações nos padrões de compra e de consumo, induzidos no nosso quotidiano pela pandemia. O medo de exposição ao vírus limitará em certa medida os grandes eventos e as viagens (tanto profissionais como pessoais). Para além disso, o efeito da recessão sobre o emprego reduzirá as despesas dos agregados familiares em bens e serviços não essenciais, como férias e refeições fora de casa.

Em números, a ONU e a OCDE prevêem uma queda nas viagens internacionais entre 58% e 80% em 2020 e ainda não conseguiram adiantar uma previsão para 2021. É certo que há formas de reduzir o impacto desta redução na procura através do turismo interno, mas na Madeira, tirando o alojamento local, esta compensação muito dificilmente se verificará. As empresas do sector hoteleiro terão de se adaptar a esta nova situação, que para além de exigir mais investimento, implicará quedas significativas nas suas margens de lucro. Segundo previsões da União Europeia, a redução nos volumes de venda e na rentabilidade podem representar 171 milhões de Euros no sector turístico e de 33 milhões de euros no sector do lazer.

O grau de exposição a estes sectores duramente afetados pela crise é muito heterogéneo entre países, mas também dentro de cada um dos países, dependendo da forma como a sua economia está alicerçada entre regiões. Na União Europeia, a Polónia, Espanha e Portugal são os países mais afetados. Em Portugal, as três regiões turísticas mais importantes serão as mais afetadas, mas a Madeira em especial pelo peso que tem o sector do turismo, e pela fraca diversificação da sua economia.

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