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Governo da Venezuela expropria três dezenas de estações de combustível

A empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) notificou os proprietários de, pelo menos, três dezenas de estações de abastecimento de combustível que deverão desalojar os seus estabelecimentos durante 72 horas, avança hoje a imprensa local.

A ordem de despejo apanhou de surpresa os proprietários e acontece depois de o governo venezuelano autorizar a venda de gasolina no país a preços internacionais, no âmbito da escassez de combustível que obrigou a Venezuela importar gasolina do Irão.

As primeiras notificações, segundo o portal digital Efecto Cocuyo, tiveram lugar no último sábado e pelo menos três dezenas de estações privadas passaram para as mãos do Estado, 14 delas na cidade de Caracas.

Uma das primeiras bombas expropriadas foi a de Parque Cristal (leste de Caracas) cujo proprietário explicou aos jornalistas que há 35 anos que a família administrava aquela estação.

Nas notificações, segundo a imprensa local, a PDVSA justifica a decisão porque “o abastecimento de combustível é um serviço público de primeira necessidade, de cumprimento obrigatório, que não pode ser interrompido sob nenhum pretexto ou circunstância e que deve ser prestado a quaisquer usuários que pague pelo produto”.

O líder da oposição, Juan Guaidó, condenou a expropriação das estações de combustível e acusou o regime de ter “destruído a indústria petrolífera” e estar agora a “fazer da gasolina um negócio”.

“A ditadura tirou arbitrariamente as licenças de operação a mais de 35 estações de serviço em todo o país”, denunciou.

Por outro lado, a Câmara de Comércio de Caracas emitiu um comunicado exigindo ao executivo, às autoridades e diretores de empresas públicas que garantam os direitos fundamentais das empresas e empresários.

O comunicado insta ainda as autoridades a que evitem atuações que não contribuam para a reativação económica do país, o estabelecimento e a estabilidade das fontes geradoras de trabalho, riqueza e bem-estar.

Depois de várias semanas de escassez de combustível, o Governo venezuelano anunciou que a venda de gasolina no país passava a preços internacionais, eliminando o subsídio que fazia que fosse mais barata que a água.

O aumento dos preços teve lugar depois de a Venezuela receber, pela primeira vez, 1,5 milhões de barris de gasolina do Irão, enquanto atravessa sanções impostas pelos Estados Unidos contra Caracas, que dificultam a importação de combustível.

Segundo a Federação de Associações de Empresários de Hidrocarbonetos, alguns proprietários de estações de serviço estão a pedir reuniões à PDVSA e ao Ministério do Petróleo para tratar das expropriações.

Na Venezuela existem 1.680 estações de serviço de abastecimento de combustível, a maioria de propriedade privada.

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