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Polícia brasileira desarticula rede que cortou nove mil árvores centenárias na Amazónia

A Polícia Brasileira lançou hoje uma extensa operação contra uma rede de empresários acusados de cortar 9.000 árvores centenárias da Amazónia em menos de um ano, para venda ilegal de madeira, informaram fontes oficiais.

Até ao momento, os agentes detiveram quase 30 pessoas suspeitas de integrar a organização criminosa que atuava em Manaus, capital do estado do Amazonas, e em Manacapuru, na região metropolitana daquela capital.

Segundo a investigação, a organização era liderada por um grupo de empresários locais, que “incentivava a prática de crimes ambientais e planeava retaliações” dirigidas aos agentes responsáveis pela investigação dos factos, indicou a Polícia do Amazonas.

Também integravam o grupo serralheiros, madeireiros responsáveis pelo corte de árvores em regiões de floresta nativa da Amazónia, motoristas e funcionários públicos.

De acordo com a Polícia Civil, a organização extraiu em apenas 10 meses “cerca de 9.000 árvores centenárias” de espécies como castanheiro, cupiuba, seringueira, angelim, sumaúma, cedro e muiratingas.

Posteriormente, uma dúzia de serralharias envolvidas no esquema em Manaus e Manacapuru “misturavam a madeira ilegal” com outros lotes “devidamente regularizados”, com o objetivo de “burlar a fiscalização dos órgãos ambientais”, segundo a Polícia do Amazonas.

A investigação indicou que 95% da madeira extraída a pedido dos empresários investigados foi cortada de forma criminosa e posteriormente vendida a comerciantes da região.

Além das 30 detenções, a polícia apreendeu durante a operação 16 camiões, cinco armas de fogo, 200.000 reais (34,4 mil euros) e mais de 1.000 metros cúbicos de madeira.

A operação, denominada “Flora Amazónica”, ocorreu num momento em que se regista um grande aumento na desflorestação na Amazónia brasileira, que aumentou 51,4% nos três primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, e que apenas em abril já cresceu 64%.

O ano passado, a desflorestação na Amazónia brasileira aumentou 85%, atingindo 9.165 quilómetros quadrados, o seu nível mais alto desde 2016.

Várias organizações atribuem esse aumento ao discurso “anti ambiental “ do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que defende a exploração dos recursos naturais da Amazónia e o fim da demarcação de novas terras indígenas.

A política ambiental do Governo de Bolsonaro foi exposta numa reunião ministerial, realizada em abril passado e divulgada pelo Supremo Tribunal Federal, numa investigação contra o chefe de Estado por alegada interferência ilegal na Polícia Federal.

Nessa reunião, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu ao executivo que aproveitasse o foco da imprensa na pandemia de covid-19 para aprovar “reformas infralegais de desregulamentação” na área ambiental.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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