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Oportunidades à vista ou reclamações recorrentes?

“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”

- Albert Einstein

Aproveitar as oportunidades que surgem, é uma competência essencial para a priorização das melhores opções. E inúmeras vezes é na adversidade que que as oportunidades se revelam. Uma oportunidade é o surgimento de uma circunstância favorável para que algo aconteça ou possa acontecer. No entanto, lamentavelmente, inúmeras pessoas, seja na vida pessoal, profissional ou política, passam grande parte da sua existência acreditando que são alvos de uma grande injustiça, atribuindo amiúde a responsabilidade aos outros. Chegam mesmo a considerar, e querem fazer os outros assim pensar, que se esforçam imenso, mas apesar desse esforço as oportunidades nunca lhes surgem, ou os outros é que impossibilitam que as coisas melhorem. No momento atual em que vivemos, em que a sociedade revela estar perante um cenário de grande crise, seja por perda de valores, seja por insanidade na sua relação ambiental, seja social, seja sanitária por via do COVID19, é de extrema importância entender as particularidades e condições que podem propiciar o aproveitamento das oportunidades. Começar por reconsiderar alguns comportamentos que inevitavelmente propiciam o afastamento dos momentos promissores e decisivos, pode ser um grande passo. Depois, estar na posse de um projeto de vida, ou de um projeto político de transformação da sociedade, se for um líder político, aliando a esse plano uma visão de longo prazo, no qual deve estar-se verdadeiramente imbuído na sua concretização. Significa isto estar preparado para aproveitar as oportunidades que surgem, sejam na calmaria, sejam na adversidade. É assim aceitável a conclusão de que, para que algumas oportunidades se manifestem, é exigível que haja prévia preparação. As grandes oportunidades carecem então, não só de uma visão positiva, otimista e empreendedora, como de uma “fabricação” que resulta da posse de um projeto, aliado a um objetivo de longo prazo. Politicamente falando, temos exemplos atuais, tanto domésticos como internacionais, do que é estar-se constantemente a queixar de pretensos males externos, para justificar a inércia, a falta de projetos e pior ainda, o não fazer uso das atribuições legais já existentes e possibilitadoras da concretização de melhorias. É certo que no “desbravar de terreno”, há que enfrentar desafios e afrontar o “status quo”, mas a já existência de dispositivos legais, significa que ao nível legislativo já houve preparação e há condições para evoluir nos limites de um quadro legal. No caso da Região Autónoma da Madeira (RAM), é curioso (ou não) que invariavelmente há reclamações sobre a relação entre os governos República e da Região, quando na realidade, nos momentos de grande dificuldade, a região tem sido “acompanhada” pela República, e até, pasme-se, por governos de “cor” diferente da “cor” do governo da RAM. Por outro lado, também é curioso que a RAM só se lembre da República para estender a mão, pedinchando dinheiro ou autorização para endividamento, que na situação atual e excecional de paralisia completa da atividade económica até é compreensível. Mas há que não esquecer que a RAM tem e bem, receitas próprias e, importante e decisivo, é uma região autónoma com poderes legislativos, podendo decidir a sua estratégia económica como espaço insular no mundo globalizado. Mas lá está, para que a oportunidade surja, há que ter um projeto a longo prazo, coisa que tarda em conseguir-se perceber. Subsiste uma visão muito regionalista na mentalidade local, pouco aberta ao exterior e com protecionismos regionais hoje extemporâneos, que isolam, aprisionam e prejudicam aquilo que por si já é frágil e diminuto. Não há grandes “rasgos” na implementação de projetos inovadores e de futuro, mobilizadores da região, isto porque as oportunidades têm a ver com decisões e decisões por sua vez exigem coragem para assumir riscos e afrontamentos. E assim, onde muitos, por causa do medo de errar, nunca tentaram, outros, tendo a obrigação de distribuir equitativamente, privilegiam os “amigos”. Outros ainda, poucos, sem saber que lhes era impossível, encheram-se de determinação e operaram grandes e benéficas transformações.

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