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África do Sul espera máximos de pandemia entre Julho e Setembro

A África do Sul, o país africano com o maior número de casos de covid-19, espera atingir os níveis máximos de pandemia entre o final de Julho e o início de Setembro, afirmou hoje o chefe da resposta sanitária.

Graças às rigorosas medidas de contenção impostas desde finais de Março e a uma estratégia pró-activa de realização de testes de campo em massa, em vez de esperar que os doentes cheguem ao sistema de saúde, a África do Sul está optimista quanto à possibilidade de evitar um surto de infecção e de manter uma curva epidémica “achatada” e uma mortalidade moderada.

Ainda assim, numa reunião online com correspondentes estrangeiros na África do Sul, Salim Abdool Karim advertiu que se espera que o país acabe por confirmar “algumas centenas de milhares” ou mesmo “milhões” de casos a longo prazo.

“Não esperamos de forma alguma prevenir a epidemia (...). Nunca pensámos que fosse possível. Só queríamos aplanar a curva para que a mortalidade fosse reduzida”, explicou o perito.

“Aplanámos a curva de modo a que, na maior parte do tempo, durante o curso da epidemia, todos os hospitais fossem capazes de a enfrentar”, acrescentou Salim Abdool Karim, que destacou as melhorias introduzidas ao longo deste período em termos de disponibilidade de Unidades de Cuidados Intensivos, equipamento e criação de áreas separadas para as pessoas infectadas com o novo coronavírus.

A África do Sul registou até agora 7.572 casos, 148 mortes (a letalidade do coronavírus na África do Sul é três vezes inferior à do próximo país mais afectado, o Egipto, com 7.201 casos e 452 mortes) e 2.746 recuperações.

Mas a chave da resposta da África do Sul, segundo Salim Abdool Karim, reside nos testes em massa e nos sintomas.

“A 7 de Abril iniciámos uma abordagem a esta epidemia bastante invulgar e lançámos um programa nacional que colocou no terreno cerca de 30.000 profissionais de saúde comunitários e decidimos sair e procurar activamente os casos”, afirmou.

O responsável sublinhou que, “em vez de esperar nos hospitais pela chegada dos doentes, começamos a lidar com eles a esse nível”.

Assim, a África do Sul já realizou pouco mais de 268.000 testes, mas estima-se que o rastreio rápido dos sintomas atinja cerca de 7,5 milhões, para uma população total de quase 58 milhões de pessoas.

Esta é uma estratégia particularmente relevante num país que tem grandes bolsas de pessoas pobres, que vivem em povoados informais e bairros com poucos serviços, com escassas opções para manter a distância social ou uma higiene extrema.

Até à data, a África registou mais de 49.300 casos e um pouco mais de 1.950 mortes por covid-19, de acordo com dados oficiais.

Em geral, a resposta das nações africanas foi rápida e rigorosa, mas os números continuam a aumentar e a Organização Mundial de Saúde (OMS) está particularmente preocupada com a situação na África Ocidental, com países com elevados níveis de transmissão.

Também potencialmente complicada é a adição da covid-19 a outras doenças e em zonas em conflito ou sitiadas por grupos armados e pelo terrorismo jihadista, como é o caso do Burkina Faso ou da Somália.

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