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Desrespeitar compromisso sobre Novo Banco “não fortalece nenhum ministro”

A coordenadora do BE insistiu hoje que o Governo não cumpriu “o compromisso” com o parlamento de só injetar mais dinheiro no Novo Banco depois dos resultados da auditoria, considerando que “nenhum ministro” sai fortalecido da polémica.

“Um Governo não cumprir um compromisso importante com o parlamento e o país, fazendo uma despesa tão avultada num setor tão opaco, num momento em que precisamos de tanto dinheiro para responder à crise social e económica, não fortalece nenhum ministro nem nenhum Governo”, afirmou Catarina Martins, no Porto, quando questionada pelos jornalistas sobre se o ministro das Finanças, Mário Centeno, sai fragilizado da polémica em torno do Novo Banco.

Catarina Martins considerou uma “falha grave” a injeção de dinheiro no Novo Banco, lembrando que existia o “compromisso do primeiro-ministro de tal não acontecer antes de serem conhecidos os resultados da auditoria” à instituição financeira, notando que “sobre isso ainda não houve nenhum pedido de desculpas ao país”.

O Expresso noticiou na quinta-feira da semana passada que o Fundo de Resolução recebeu mais um empréstimo público no valor de 850 milhões de euros destinado à recapitalização do Novo Banco.

A notícia surgiu depois de António Costa ter garantido no mesmo dia no parlamento, no debate quinzenal, que não haveria mais ajudas até que os resultados da auditoria que está a ser feita ao Novo Banco fossem conhecidos.

Catarina Martins ressalvou que, “em todo o caso, é preciso avançar com o orçamento suplementar [a apresentar em junho, para fazer face aos efeitos económicos da covid-19]”.

A responsável notou ainda que a proposta do BE relativamente ao Novo Banco “é conhecida”, esperando-se que seja “votada em breve”.

“Não pode haver mais nenhuma injeção financeira a menos que o Parlamento autorize e os bónus têm de ser proibidos. Tanto os bónus passados como os futuros. Um banco sustentado pelos contribuintes não pode estar a pagar bónus milionários aos seus gestores”, defendeu.

Já na quinta-feira, sobre a transferência de 850 milhões de euros do Estado para o fundo de resolução, tendo em vista a recapitalização do Novo Banco, Catarina Martins considerou que, “no enredo” entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças, “é desadequado que se multipliquem os pedidos de desculpa sobre falhas de comunicação” no Governo.

Na semana passada, na Assembleia da República, durante o debate quinzenal, António Costa disse à coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que não haveria transferências para o fundo de resolução, tendo em vista a recapitalização do Novo Banco, até que a auditoria àquela instituição bancária estivesse concluída.

Na sexta-feira, António Costa afirmou aos jornalistas que o Ministério das Finanças não o informara de que essa transferência tinha sido efetuada na véspera, o que o levou a pedir desculpas à coordenadora do BE pela informação errada que lhe tinha transmitido.

O ministro de Estado e das Finanças assumiu que houve uma falha de comunicação no Governo e, na quarta-feira, declarou que a transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução destinado à recapitalização do Novo Banco não foi feita à revelia do primeiro-ministro.

No mesmo dia, no final de uma visita à Autoeuropa, em Palmela, o Presidente da República considerou que o primeiro-ministro “esteve muito bem” ao remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período 2000-2018.

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