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Milhão e meio de pessoas perderam emprego no sector de saúde dos EUA

Foto EPA
Foto EPA

Quase um milhão e meio de pessoas perderam o seu emprego no setor da saúde nos Estados Unidos, desde março, incluindo 135.000 em hospitais, com as receitas destes a cair por causa da pandemia de covid-19.

Desde o início da pandemia, operações e exames médicos não urgentes foram cancelados, na maioria dos hospitais dos Estados Unidos.

Por outro lado, as medidas de confinamento reduziram o número de vítimas de acidentes e muitos doentes com doenças crónicas evitam os hospitais, com medo de ficarem infetados com o novo coronavírus.

A Federação Americana de Hospitais estima as perdas em cerca de 200 mil milhões de euros, no período entre março e junho, prevendo que os reembolsos para doentes com covid-19 e o envelope financeiro do Congresso, de cerca de 100 mil milhões de euros, serão insuficientes para cobrir os custos reais, que podem exceder 80.000 euros por doente, se ressuscitado com um ventilador.

Em Nova Iorque, os prestadores de cuidados de todas as especialidades médicas, mesmo do resto do país, ajudaram a controlar o “tsunami” de pacientes com covid-19, mas em outras regiões menos afetadas pela pandemia, os hospitais acabaram com camas vazias.

Em Miami, as emergências de hospitais infantis recebem apenas cem pessoas por dia e as vagas para enfermeiras independentes foram cortadas no início de abril.

“No sul da Florida, não há doentes suficientes. O hospital não pode pagar a todos os funcionários que não têm nada para fazer”, disse Dayna James, enfermeira em Miami há 17 anos.

Em Washington, em março, as operações às ancas ou joelhos, apendicectomia, ablação não urgente da bexiga ou até radiografias foram adiados indefinidamente.

“A covid-19 tornou o meu trabalho obsoleto”, diz uma enfermeira de 34 anos que trabalhava nos cuidados pós-operatórios num hospital na Florida.

“O sistema de saúde americano é financiado - e enriquece muitas pessoas - realizando exames e operações não emergenciais muito caros e construindo hospitais gigantes com base neste modelo económico”, explica Howard Markel, diretor do Centro de História da Medicina da Universidade de Michigan.

Markel anunciou que deixaria de pagar contribuições para a aposentadoria dos funcionários, no próximo ano, devido à queda de receitas no seu centro médico.

Além dos hospitais, parte do sistema médico ficou completamente encerrada durante o confinamento.

Os consultórios de dentistas perderam 500.000 empregos num mês, de acordo com estatísticas do governo.

O mesmo se passa com podólogos, oftalmologistas ou fisioterapeutas.

Os Estados Unidos já registaram cerca de 1,4 milhões de contaminações com o novo coronavírus, incluindo cerca de 85.000 mortes.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (1,88 milhões contra 1,81 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (113 mil contra 161 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.

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