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Possibilidade de destituição de Bolsonaro divide brasileiros

Foto EPA/Joedson Alves
Foto EPA/Joedson Alves

A possibilidade de destituição do Presidente do Brasil está a dividir os brasileiros, com 45% a defender a abertura do processo por parte da Câmara dos Deputados e 48% a rejeitar a medida, segundo uma sondagem do Instituto Datafolha.

De acordo com a inquérito realizado na segunda-feira pelo Instituto Datafolha, que ouviu telefonicamente 1.503 pessoas, 6% desses cidadãos não não souberam responder sobre um eventual processo de destituição contra o chefe de Estado, Jair Bolsonaro.

Já o apoio a uma eventual renúncia de Bolsonaro cresceu em relação à anterior sondagem, efetuada nos primeiros três dias do mês. Na ocasião, 59% dos inquiridos pelo Datafolha mostraram-se contrários à sua abdicação do cargo. Agora, essa percentagem diminuiu para 50%, enquanto que 46% defendem que o mandatário deveria renunciar (face a 37% no início do mês).

Contudo, a avaliação da gestão de Jair Bolsonaro mostra-se estável face aos resultados obtidos em dezembro último, sendo que, atualmente, 38% dos inquiridos consideram o seu desempenho como “ruim ou péssimo”, 33% avaliam como “bom ou ótimo” e 26% como “regular”.

Em dezembro, a percentagem ficou em 36%, 30% e 32%, respetivamente.

Na semana passada, a crise no atual executivo brasileiro ganhou novas proporções, com o ministro da Justiça, Sergio Moro, a anunciar a sua demissão do cargo que ocupava desde janeiro do ano passado, acusando Bolsonaro de estar a fazer “interferência política na Polícia Federal”, na sequência da demissão do ex-chefe daquela instituição Maurício Leite Valeixo.

“O Presidente disse-me, mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contacto pessoal dele [para quem] ele pudesse ligar, [de quem] ele pudesse colher informações, [com quem] ele pudesse colher relatórios de inteligência. Seja o diretor [da Polícia Federal], seja um superintendente”, declarou Sergio Moro.

Horas depois da demissão de Sergio Moro, Bolsonaro negou as acusações do ex-juiz, mas acabou por admitir que, em pelo menos três ocasiões, procurou obter mais informações acerca de investigações em curso: acerca do atentado que sofreu em 2018, sobre o caso que envolvia a presença dos acusados de matar a vereadora Marielle no seu condomínio, e sobre uma eventual relação do seu quarto filho com a filha de um dos acusados do assassinato da vereadora.

Segundo a sondagem do Datafolha, 89% dos inquiridos tomaram conhecimento da saída de Moro do Governo. Desse total, 52% consideram que o ex-ministro está a ser verdadeiro nas suas acusações, enquanto que 20% acreditam no Chefe de Estado. Já 6% dizem não acreditar em nenhum dos governantes, 3% defendem que ambos estão certos e 19% não souberam responder.

A margem de erro da sondagem é de três pontos percentuais, indicou o Instituto Datafolha.

Até à última sexta-feira, 29 pedidos de destituição contra Jair Bolsonaro foram entregues na Câmara dos Deputados, mas apenas um foi apreciado pelo presidente da Câmara, a quem compete fazer uma análise inicial das denúncias contra o chefe do Executivo federal, segundo a revista ‘online’ Conjur, especializada em temas jurídicos.

Na segunda-feira, o Movimento Brasil Livre (MBL) anunciou que iria protocolar mais um pedido de destituição contra Bolsonaro, baseado em fatores como “manifestações antidemocráticas”, tendo em conta que o Presidente participou, este mês, numa manifestação que pedia uma intervenção militar e o regresso de medidas ditatoriais.

Também as denúncias feitas por Moro, de que Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal porque estava preocupado com investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), que poderiam envolver os seus filhos ou aliados políticos, foram usadas no pedido do MBL.

Na semana passada, o juiz do STF Celso de Mello deu um prazo de dez dias para que o presidente da Câmara preste informações sobre um pedido de destituição feito no fim de março por um grupo de advogados contra Jair Bolsonaro.

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