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Associação quer diagnósticos e tratamentos mais rápidos para leucemia

Foto Shutterstock
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A Associação Portuguesa Contra a Leucemia alertou hoje para a importância de, mesmo em tempos de pandemia, diagnosticar e tratar o mais cedo possível esta patologia, para que de os doentes tenham maior probabilidade de sobreviver.

O alerta surge quando se assinala o Dia Mundial de Sensibilização para a Leucemia Mieloide Aguda (LMA), um cancro raro e agressivo do sangue e da medula óssea que interfere no desenvolvimento de células sanguíneas saudáveis.

“Os sintomas dos cancros do sangue podem ser, infelizmente, pouco específicos, confundindo-se por vezes com os de uma gripe ou até com a covid-19. No caso da LMA, cansaço, febre, falta de ar, hematomas, fraqueza e infeções são os sintomas mais comuns”, sublinha a APCL, para quem é muito importante estar atento para avançar o mais rápido possível para o tratamento.

A leucemia mieloide aguda “desenvolve-se e piora rapidamente a menos que seja tratada”, destaca Maria Gomes da Silva, diretora do Serviço de Hematologia Clínica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa e membro da associação, citada num comunicado da APCL.

“O nosso objetivo é chamar a atenção para estes sintomas de alerta e para a necessidade de procurar um médico quando eles se apresentam. Um diagnóstico e tratamento precoce podem aumentar a probabilidade de sobrevivência destes doentes”, reforça Maria Gomes da Silva.

A LMA é a mais comum das leucemias agudas, sendo responsável por cerca de 25% dos casos. Afeta tanto adultos como crianças, mas a sua incidência aumenta com o envelhecimento.

Segundo a APCL, a sobrevivência pode ser limitada e cerca de um terço dos doentes terá uma mutação no gene FLT3, que pode resultar numa progressão mais rápida da doença, em maiores taxas de recaída e menores taxas de sobrevivência do que outras formas de leucemia.

O diagnóstico da doença é feito através de análises ao sangue, aspirado da medula óssea, um estudo dos cromossomas e estudos moleculares. Já o tratamento passa na maioria dos casos por quimioterapia e eventualmente transplante de células estaminais, estando em desenvolvimento mais recentemente terapias-alvo focadas em defeitos genéticos ou proteínas específicas das células leucémicas, imunoterapia e outros novos tratamentos ainda em fase de ensaio clínico.

Nesta altura de confinamento devido à pandemia de covid-19, a APCL pede aos doentes com LMA e outros cancros do sangue que não abandonem os seus tratamentos e sigam todas as recomendações dos seus médicos assistentes e das unidades hospitalares onde são acompanhados.

Recomenda ainda aos doentes que se aconselhem junto dos profissionais de saúde que habitualmente os assistem sobre as formas de acompanhamento, necessidade de consultas e meios de diagnóstico.

O alerta da APCL surge quando se sabe que há doentes a deixar de tomar medicamentos ou a adiar tratamentos com medo de serem infetados nas unidades de saúde pelo novo coronavírus, responsável pela covid-19.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia defendeu na semana passada que é preciso começar a recuperar progressivamente e de “forma muito cuidada” as consultas, exames e tratamentos que foram adiados devido à pandemia covid-19, priorizando os casos mais urgentes.

Sobre a possibilidade de se recuperar eventuais danos causados pela pandemia, Ana Raimundo afirmou: “Em alguns casos espero que sim e provavelmente noutros não, mas só o tempo o dirá”.

“Teremos que depois olhar para os dados e comparar com o período homólogo de outros anos e ver realmente o que é que aconteceu, mas acho que haverá consequências desta paragem”, afirmou.

Para a oncologista, o facto de os novos diagnósticos de cancro não terem sido feitos durante este período, assim como rastreios e outros exames “pode eventualmente condicionar mais tarde um diagnóstico mais tardio”.

Segundo os últimos dados oficiais, Portugal regista 735 mortos associados à covid-19 e 20.863 infetados.

Em todo o mundo, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 167 mil mortos e infetou mais de 2,4 milhões de pessoas. Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.

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