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Espanha reconhece dificuldade para saber número exacto de mortes

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O Ministério da Saúde espanhol reconheceu hoje que é “difícil” conhecer o número real de mortes por coronavírus em Espanha, que segundo os últimos dados oficiais tem 19.130 óbitos, até hoje, devido à pandemia.

O diretor dos serviços de Alerta e Emergências Sanitárias do Ministério da Saúde, Fernando Simón, fez esta consideração na teleconferência de imprensa diária em que são revelados os últimos dados da pandemia em Espanha, acrescentando que mesmo com estatísticas de saúde “muito boas” não é possível conhecer os dados reais de mortes causadas pela covid-19.

O técnico tinha sido questionado sobre os dados da comunidade autónoma da Catalunha, uma região que na quarta-feira comunicou ter registado até agora mais de 7.000 mortes, devido a uma alteração dos critérios de contagem, realizada a partir de agora também com as informações fornecidas pelas casas funerárias com números de mortes em lares de terceira idade.

Segundo os dados publicados hoje pelo Ministério da Saúde espanhol, morreram até agora na Catalunha 3.855 pessoas, não tendo os números oficiais tomado em consideração a nova estatística comunicada pela comunidade autónoma.

O perito admitiu que “não teve muito tempo” para analisar esta questão, apesar de ter lido a nota em que a Catalunha comunicava e argumentava sobre a mudança de critérios.

“Temos de discutir muito com eles o que significam estes novos casos provenientes de lares ou agências funerárias, porque não estamos seguros e temos de avaliar com eles se têm um diagnóstico de coronavírus prévio ou não”, disse Simón.

O diretor dos serviços de Alerta e Emergências Sanitárias explicou que o Ministério pede às comunidades autónomas os números de mortes que satisfazem os critérios de alerta e que são “compatíveis e comparáveis” com os dados fornecidos por outros países, com base nos protocolos das organizações internacionais.

Neste sentido, defendeu que, se os novos casos notificados pela Catalunha corresponderem à definição estabelecida, isso terá de ser tomado em consideração.

“Outra coisa”, acrescentou, “é quando devem ser considerados”, porque os serviços de saúde também não sabem se são casos de morte nos últimos dias ou mais antigos.

Simón insistiu que é “muito importante avaliar “corretamente” a causa de morte destas pessoas e se previamente lhes foi diagnosticada infeção pelo coronavírus.

“Os mortos continuam a ser um fardo para todos nós todos os dias” e, apesar de haver uma diminuição da mortalidade, a verdade é que “ainda é elevada, e obviamente estes números não são de todo os que gostaríamos de ter”, lamentou o epidemiologista.

Questionado sobre quando prevê uma diminuição do número de mortes, Simón disse que a evolução da doença leva mais tempo do que o controlo da transmissão e, quando isso acontecer, o país vai ainda “estar pelo menos entre uma semana e dez dias com um número de mortes superior” ao que ele gostaria.

As comunidades autónomas espanholas têm, no setor da saúde, uma autonomia que foi temporariamente suspensa e centralizada pelo Governo em Madrid, enquanto estiver em vigor o estado de emergência.

A região da Catalunha é governada por partidos independentistas que têm criticado a forma como o executivo central tem feito a gestão da crise provocada pela covid-19 e tudo fazem para afirmar a sua diferença em relação a Madrid.

Espanha registou, nas últimas 24 horas, 551 mortes devido ao novo coronavírus, uma ligeira subida em relação a quarta-feira, havendo até agora um total de 19.130 óbitos.

De acordo com o Ministério da Saúde espanhol, há 5.183 novos infetados, um número que aumenta em relação a quarta-feira, sendo agora o total de pessoas que contraíram a doença de 182.816.

Apesar da tendência dos últimos dias para uma estabilização dos óbitos diários entre 500 e 600, os novos casos positivos estão a aumentar, uma evolução que as autoridades sanitárias explicam pelo maior número de testes que estão a ser realizados desde a Páscoa, que têm detetado muitos doentes assintomáticos (contagiados sem sintomas).

A região espanhola com mais casos positivos da covid-19 é a de Madrid, com 50.694 infetados e 6.877 mortos, seguida pela da Catalunha, com 37.354 e 3.855, respetivamente.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.

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