O serviço de saúde para o cidadão
A cultura institucional criada raramente têm uma visão transversal das intervenções em saúde
O Serviço Regional de Saúde é o instrumento que permite a Região assegurar a todos os cidadãos o acesso e a prestação de cuidados de saúde aos vários níveis, contribuindo de forma decisiva para a melhoria da qualidade de vida da população, como demonstra a evolução positiva dos vários indicadores e a obtenção de ganhos em saúde ao longo das últimas décadas.
No sentido de partilhar as melhores práticas que potenciem a aprendizagem recíproca entre países num setor que enfrenta mudanças adaptativas complexas, no final de 2019 a Comissão Europeia em conjunto com outras organizações, apresentaram um relatório intitulado “O Estado da Saúde na EU”.
Dos inquéritos e debates realizados nos diferentes países foram patentes a preocupação e a prioridade que os cidadãos dão à saúde e a necessidade de apostar decididamente na promoção da saúde e na prevenção da doença, elaborando políticas nacionais claras, que melhorem a cobertura em cuidados de saúde.
Apesar dos crónicos constrangimentos o Serviço Regional de Saúde mantém a unanimidade sobre a sua importância, pois continua a ser a melhor resposta que o cidadão encontra para os seus problemas de saúde ao longo do ciclo vital, mantendo-se como uma relevante conquista civilizacional, dispensando a atual situação de permanente conflitualidade que em nada contribui para o seu fortalecimento e autonomia.
Não é uma situação nova, o Serviço Regional de Saúde sempre esteve à mercê da governamentalização dos seus orgãos de gestão, associado muitas vezes à promoção de cargos unipessoais que criam obstáculos ao trabalho em equipa, assim como à avaliação dos resultados que deviam evidenciar e colocar o utente no centro do sistema.
A cultura institucional criada raramente têm uma visão transversal das intervenções em saúde, com manifesta dificuldade em aceitar os contributos das várias áreas do saber, o que potencia défices e penaliza as tomadas de decisão, privando muitas vezes o cidadão do acesso a todos os recursos e meios existentes.
Existindo para o cidadão, o serviço de saúde só se concretiza com profissionais reconhecidos e motivados que aceitam e legitimam as hierarquias, num esforço diário com competência e dedicação para dar ao cidadão as respostas necessárias, num contexto em que no caso dos enfermeiros, por vezes é agravado pelo excesso de trabalho e desvalorização das suas funções.
Tendo em consideração os desafios atuais dos serviços de saúde, cabe a quem governa criar condições que assegurem uma elevada formação técnica dos profissionais, implementar estratégias que adequem a cobertura dos serviços às reais necessidades dos cidadãos, zelar pela transparência do serviço público de saúde, promover a estabilidade e a dedicação exclusiva que previna qualquer desvio à sua missão.