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Governo podia ter sido mais restritivo

Foto MARCOS BORGA
Foto MARCOS BORGA

A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) considera que o Governo devia ter sido mais restritivo no estado de emergência devido à pandemia da covid-19 e teme que as exceções sejam entendidas como permissões.

“O Governo devia ter ido mais longe nesta fase, faria mais sentido apertar mais as medidas, restringindo mais as pessoas em casa e apoiando os mais vulneráveis, e fazendo uma avaliação ao fim de uma semana”, disse à Lusa o presidente da ANMSP, Ricardo Mexia.

O responsável comentou à Lusa o decreto que regulamenta o estado de emergência, no âmbito do combate à pandemia da covid-19, que foi divulgado na noite de sexta-feira, depois de aprovado em Conselho de Ministros.

“Temo que com estas exceções as pessoas as adotem como permissões”, disse Ricardo Mexia, apelando para que seja acatado pela população o princípio geral do decreto, de distanciamento social.

O presidente da ANMSP concorda com a autorização de funcionamento dos serviços de suporte que têm de ser prestados, entende que não é fácil sustentar as medidas durante um longo período, mas conclui que “a expetativa é que as pessoas sejam mais restritivas até do que o próprio diploma”.

Admitindo que “a situação pode durar mais de 15 dias” (a vigência do estado de emergência), Ricardo Mexia diz que por isso “se calhar era agora o momento de ser mais incisivo” nas medidas.

Ainda em relação ao decreto, o presidente da associação considera que faz falta um “suporte social” para pessoas mais vulneráveis, como as que estão em isolamento, os idosos e os sem família, os desempregados ou os sem abrigo. “Quem é que vai dar serviços mínimos a estas pessoas? Se as pessoas não tiverem essa oferta vão ter de sair”, disse.

Ricardo Mexia admitiu que, passada a atual fase, a “saúde mental vai ser um problema enorme”, mas quanto à saúde física “não é por 15 dias com menor atividade física” que vão surgir problemas, até porque há muitos exercícios para se fazerem em casa sem exposição ao risco.

Ricardo Mexia admitiu que genericamente as pessoas estão a cumprir as orientações do Governo mas disse esperar que os portugueses percebam a mensagem e não utilizem as exceções do diploma como liberdade para circular.

Portugal elevou hoje para 12 o número de mortes associadas ao vírus da covid-19, segundo boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), que regista 1.280 casos confirmados de infeção.

O novo coronavírus já causou pelo menos 11.401 mortos em todo o mundo e foram detetados mais de 271.660 casos de infeção em 164 países e territórios.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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