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Directores aplaudem encerramento de escolas mas pedem medidas complementares

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Os diretores aplaudiram hoje a decisão de encerrar as escolas até 09 de abril devido ao surto de Covid- 19, tranquilizando os pais sobre avaliações e exames que “irão ser realizados”, mas pedindo medidas adicionais de apoio às famílias.

“Nós queremos aplaudir, porque foi uma decisão que muito nos agradou e tudo iremos fazer para que os 15 dias de aulas que os alunos tinham presencialmente de facto não sejam um constrangimento e que eles possam recuperar as aprendizagens”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima.

O representante dos diretores disse que a decisão “corresponde às expectativas” das comunidades escolares, uma vez que já havia “um clima tenso, de muita angústia e ansiedade” que “não era propício ao processo de ensino e aprendizagem”.

“A partir do dia de hoje percebi que muitos pais diziam que não iam levar os filhos às escolas. Isto era uma bola de neve que alguém tinha que parar”, disse.

Nos 15 dias sem aulas presenciais que se iniciam na segunda-feira e que terminam com o arranque das férias da Páscoa, Filinto Lima diz que as escolas, que “têm capacidade de se reorganizar”, podem recorrer a uma ferramenta simples como o email, mantendo professores e alunos em contacto para envio de trabalhos e sua correção.

“As novas tecnologias vão ajudar a se cause o menor constrangimento possível aos nossos alunos, sendo certo que irão ser avaliados, que os exames irão ser realizados, algumas das aulas que forem necessárias ser lecionadas presencialmente, com certeza os professores o irão fazer no final do ano letivo até ao início da época de exames. As escolas têm capacidade de se reorganizar. O apelo que faço é que pais e alunos confiem nas escolas públicas e nos seus diretores”, disse.

No entanto, o representante dos diretores diz que também são necessárias medidas adicionais de apoio às famílias, que vão ficar com as crianças sem aulas, mas também sobre as viagens de finalistas que, devido aos riscos de contágio, devem ser repensadas.

“Acho que o Governo deverá pronunciar-se sobre as viagens de finalistas”, disse.

“Há aqui uma série de questões que não podem estar isoladas pelo simples facto de as escolas suspenderem as atividades letivas. Há aqui apoios complementares que têm que estar associadas à grande medida que é a suspensão das atividades letivas”, acrescentou.

Filinto Lima sublinhou ainda o apelo do primeiro-ministro à responsabilidade de cada um na contenção do novo coronavírus, referindo também a responsabilidade dos pais na vigilância dos filhos e do seu dever de permanecerem em isolamento profilático.

As escolas de todos os graus de ensino vão suspender todas as atividades letivas presenciais a partir de segunda-feira devido ao surto Covid-19, anunciou hoje primeiro-ministro, António Costa, numa declaração ao país.

A medida vai afetar mais de dois milhões de alunos: Só no ensino pré-escolar estão inscritas cerca de 240 mil crianças, no ensino básico e secundário são quase 1,4 milhões e nas instituições de ensino superior perto de 373 mil alunos. A estes juntam-se ainda as crianças das creches.

Na quarta-feira, o Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou que só fossem encerradas escolas por determinação das autoridades de saúde, uma proposta que a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou fazer sentido.

A possibilidade de antecipar em cerca de duas semanas as férias escolares da Páscoa foi defendida esta semana pelo presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira. Um cenário também admitido no início da semana pelo primeiro-ministro, que remeteu sempre a decisão para o Conselho Nacional de Saúde Pública.

Desde segunda-feira começaram a encerrar algumas escolas básicas e secundárias assim como estabelecimentos de ensino superior.

De acordo com os últimos números da Direção-Geral da Saúde, há 78 doentes com Covid-19.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quarta-feira a doença como pandemia, tendo em conta os “níveis alarmantes de propagação e inação”: “Podemos esperar que o número de casos, mortes e países afetados aumente”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Desde dezembro, foram infetadas cerca de 117 mil pessoas em mais de uma centena de países, mas a maioria (cerca de 63 mil) conseguiu recuperar da doença provocada pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

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