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5 Sentidos

Museu da Música Tradicional da Madeira em lista de espera

Secretaria cede parte do número 50 da Rua Nova de São Pedro, mas não serve, diz a Associação Xarabanda, que apresentou uma contraproposta para ocupar parte do espaço e promover exposições temporárias

Foto  Rui Silva/Aspress
Foto Rui Silva/Aspress

Vai continuar como sonho o Museu da Música Tradicional da Madeira, pelo menos para já, revelou há pouco a Associação Musical e Cultural Xarabanda, que reuniu esta manhã com o secretário regional do Turismo e Cultura e dele ouviu a proposta para ocupar apenas parte do 2.º e o 3.º piso do número 50 da Rua Nova de São Pedro e não o edifício completo, como inicialmente pretendia. Da boca de Eduardo Jesus veio a confirmação de que no rés-do-chão vai nascer o Museu Max, ficando também no 2.º piso os serviços educativos associados. Face a isto, a Associação Xarabanda não recusou o espaço, mas não vai construir ali o Museu. Apresentou uma contraproposta para ocupar o espaço sugerido com o centro de documentação, salas de aula e apresentar exposições temporárias com o que no futuro será o acervo do tão aguardado museu.

O autor do projecto de museologia, Jorge Torres, foi o porta-voz, disse que não faz sentido um museu num segundo andar, que torna difícil atrair público. Além disso, acrescentou, o espaço sugerido para o museu é menos de metade do inicialmente pedido. Responderam por isso a Eduardo Jesus que era muito difícil construir o museu ali, que iam estudar as plantas, o projecto e usar o espaço para exposições temporárias. Entretanto, o projecto do museu “vai continuar à espera de encontrar o espaço adequado”, declarou.

O projecto do museu inclui uma parte dedicada à origem dos instrumentos tradicionais madeirenses, várias salas para abordar os instrumentos, os aerofones, os cordofones e os membranofones, uma área dedicada às figuras importantes da música tradicional e um espaço para a música madeirense na actualidade e no mundo. Se aceite a contraproposta da Associação, o espaço acolherá temporariamente exposições em torno destes núcleos, uma forma de promover o projecto.

Jorge Torres reconhece o risco de a tutela esquecer o Museu da Música Tradicional da Madeira se ocupar parte do espaço. “É evidente que há esse risco de ao fazer metade haja quem queria esquecer a outra metade, mas pela nossa parte, se houver essa tal possibilidade de ocuparmos parte daquele edifício, nós vamos continuar a falar do assunto”. E revela que está a ser preparada uma exposição conjunta para 2022 com o Museu Nacional de Etnografia em Lisboa, com base no projecto do museu, onde vão mostrar o trabalho realizado e que acredita dará mais força ao Museu da Música Tradicional da Madeira.

“Estaremos talvez no campo dos sonhos, mas como já dizia o António Gedeão, o Sonho é que comanda a vida e no fundo, os fundadores da Associação já andam há quase 40 anos a sonhar, e muitos dos sonhos, muitos lhes apontaram que eram perfeitamente utópicos, foram sendo concretizados, porque não este ser mais um deles?”.

A ideia é no espaço das exposições temporárias dividir em cinco ou seis partes o projecto do futuro museu e ir apresentando uma de cada vez. “Porque acreditamos que algum dia será possível ter todas essas partes juntas num espaço condigno e também porque não discutindo as decisões do Governo Regional, que obviamente tem a legitimidade para as tomar, não quisemos recusar (...) colaborar com as entidades oficiais. Mas a verdade é que não prescindimos de certas coisas e não queremos prescindir deste projecto que nos parece, podemos ser demasiado vaidosos, mas parece-nos importante para a Região.”

Jorge Torres diz que espera agora não ficar mais dois anos à espera de uma resposta. O projecto de um museu dedicado à música tradicional da Madeira arrasta-se desde 2014.

O encontro com a comunicação social serviu também para mostrar o plano de actividades para este ano. Lá estão o Inventário de instrumentos musicais da tradição madeirense; o Inventário do charamba – charambistas e tocadores de viola de arame; a série de concertos promocionais que vão levar no final de Junho, início de Julho os Xarabanda a Lisboa; o Concerto do Dia da Região, a formação e conferência com o músico brasileiro Ivan Vilela; as publicações do ‘Caderno Xarabanda nº5’ e ‘Contos Tradicionais Madeirenses’, os primeiros editados de recolha directa; a edição de um caderno de repertório tradicional e popular para acordeão; e a participação na reunião da EFN – European Folk Network, estes sete projectos com o apoio do Governo Regional. No plano de actividades estão ainda o concerto dos 39 Anos Xarabanda no Teatro Baltazar Dias, intitulado Xarabanda & Fado Violado, com este grupo, no dia 12 de Setembro; e um concerto de Natal com Xarabanda e José Barros Trio, no Teatro também e igualmente apoiado pela Câmara do Funchal. Com o apoio da Câmara de Santa Cruz está prevista a realização do Encontro de Repentismo ‘A despicar é que agente se entende’.

Apenas por conta própria, a Associação tem em mãos a Transcrição Musical e de Textos de Repertórios dos Grupos Folclóricos da Região; o Inventário e classificação da discografia completa dos grupos Folclóricos da Madeira; e a Organização /sistematização do Arquivo Fonográfico da Região.

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