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Para quando a florestação das cabeceiras das ribeiras?

Quantos milhões de plantas foram plantadas e que morreram devoradas pela seca ou pelos incêndios?

Para quando o inicio da florestação e correção torrencial das cabeceiras das três Ribeiras que atravessam a cidade do Funchal? É a pergunta que precisa de resposta mais urgente depois da aluvião de 20 de Fevereiro de 2010. Sem dúvidas que os trabalhos mais urgentes teve a ver com as pessoas, tanto no abrigo como na mobilidade, mas sem dúvidas que logo depois vem a correção torrencial das 3 cabeceiras que atravessam o Funchal, e outras espalhadas pela Ilha porque enquanto isso não for feito, enquanto a floresta aí plantada de acordo com as regras atuais de reflorestação, não estiver crescida, estaremos sempre vulneráveis às aluviões. Passaram-me mais de duzentos anos que Oudinot chamou a atenção para esse facto, mas nada se fez, antes pelo contrário os incêndios dos últimos anos só pioraram a situação. Perguntamos quantos mais aluviões terão que haver para que os funchalenses, principalmente, possam dormir descansados, embora existam outras cabeceiras também a precisarem de tratamento.

Cabeceira, vem da palavra cabeça, que é o que tem faltado aos nossos governantes, que se amedrontam com qualquer indivíduo que se intitula ambientalista, mas não tem qualquer formação agrária e nem outra formação na área como é que essa reflorestação, precedida pela correção torrencial, devem ser feitas....Ainda um dia destes vimos parte de um debate sobre as nossas florestas na RTP/Madeira, em que no palanque principal estavam 4 pessoas e 3 eram biólogas, sendo o 4º, que neste caso o primeiro, o Engº Costa Neves, que conhece muito bem as nossas serras, suas debilidades. Sabe da matéria em discussão. Não deveria ter sido ao contrário? Caso a ideia fosse esclarecer os madeirenses....Tenho muito respeito e consideração pelos biólogos, mas os assuntos que lhes dizem diretamente respeito, assim como qualquer outro profissional...Falta-lhes conhecimento sobre o “agros”, sobre o solo, por exemplo e principalmente sobre um “agros” degradado, a apanhar porrada durante tantos anos, em que se encontra “descolado”, com muito mais pedra que terra e areia, compactado, sem ou pouco poder de infiltração para as águas pluviais e de efeito de esponja, sem vida, em que as águas escorrem à sua superfície. É necessário prepará-lo contra a erosão enquanto a florestação não atinge a sua função e aí entram os animais, nossos ajudantes em todos os aspeto, limpam o terreno das infestantes, tornam-no mais poroso através das suas fezes e urinas aumentando-lhes a quantidade de carbono tão necessário ao desenvolvimento das plantas, enfim preparam o terreno para a fase seguinte. Ajudam na prevenção dos incêndios e não é por acaso que o Governo Regional de Canárias paga aos donos dos rebanhos 130,00 Euros/ano/hectare, para que os animais façam essa limpeza, com regras, com controlo, enquanto o nosso Governo diz” gado na serra só sobre o meu cadáver”. No governo anterior aconteceu algo de semelhante, um secretário mal aconselhado que o levou a mandar abater tudo o que “mexia” nas nossas serras. Passou-se do oito para o oitenta e oito...Nunca ouvi ninguém defender o gado descontrolado nas nossas serras, que é o argumento que os governantes e os ditos ambientalistas usam, mas de má fé e continuam-se a fazer asneiras que conduzirão num futuro próximo a mais incêndios, mais aluviões, precisamente porque o trabalho está a ser mal feito. Vemos imagens de novas plantações com mato seco à volta mais aquele que irá aparecer....Quantos milhões de plantas foram plantadas e que morreram devoradas pela seca ou pelos incêndios. Custará assim tanto, para os que não acreditam, fazer um ensaio nos locais mais difíceis? Ou esse custo resumir-se-á a pôr o dedo no chão, como diz o povo? Eu durante todo o exercício da minha profissão usei a comparação como exemplo, especialmente para os agricultores mais difíceis de se adaptarem a novas técnicas, mantendo-se nos conhecimentos ancestrais e garanto-vos que obtive sempre bons resultados....Neste caso não seria para convencer os agricultores, os pastores, mas sim aqueles que decidem e que por desconhecimento técnico, teimam no erro e não querem dar uma única oportunidade à razão.

Por outro lado poderíamos imaginar os postos de trabalho que se iriam criar, os novos rendimentos em carne, lã, e queijo, muita fruta, desde maçãs e pêras às cerejas, às nozes e às castanhas, sem contarmos com a madeira obtida diretamente da floresta pelas gerações vindouras, para além de termos uma floresta em condições, uma floresta viva, ao serviço das populações, mais águas, diminuição ou mesmo eliminação de aluviões e tudo isto só porque o trabalho foi bem feito!!!!!