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Três em cada cinco empresas em Portugal não tinha política de teletrabalho

Foto Orlando Almeida / Global Imagens
Foto Orlando Almeida / Global Imagens

Três em cada cinco empresas em Portugal não tinha uma política de trabalho remoto quando a pandemia obrigou 70% dos colaboradores a entrar neste sistema, mas em 45% dos casos o volume de trabalho até aumentou, conclui um estudo.

Segundo os resultados de um estudo sobre ‘remote work’ (trabalho remoto) desenvolvido pela Deloitte junto de “mais de 30 executivos de topo das 250 maiores empresas em Portugal”, entre os 45% de inquiridos que considera que o seu volume de trabalho aumentou, “a maioria perceciona, igualmente, um aumento da capacidade de resposta da sua direção, estando implícito um incremento do nível de produtividade em contexto remoto”.

“Perante a situação que vivemos, é crítico que as organizações reflitam sobre a sua forma de operar, quebrando alguns dos mitos pré-concebidos sobre as formas mais flexíveis de operar, e acelerando a transição para o ‘Future of Work’”, nota a consultora.

Questionados sobre os principais fatores que influenciaram positivamente a produtividade e a capacidade de resposta, 94% dos inquiridos no ‘Remote Work Snapshot’ da Deloitte apontam as ‘aplicações de suporte ao trabalho remoto’, seguindo-se as ‘orientações dadas sobre a gestão do trabalho’ (84%) e a ‘postura dos líderes’ (77%).

No que se refere aos valores que ganham mais destaque na cultura das organizações para suportar as novas dinâmicas de trabalho, numa escala de 1 a 4 pontos (em que 1 significa ‘nada importante’ e 4 é ‘imprescindível’), o ‘compromisso’ surge no topo com uma média de 3,53 pontos, seguido da ‘responsabilização’ (3,50 pontos) e da ‘agilidade e confiança’ (3,47 pontos).

Relativamente à forma como as dinâmicas habituais de trabalho se adaptaram às novas formas de trabalho remoto em equipa, de forma a garantir a efetividade do trabalho realizado, 57% dos gestores inquiridos considera que o número de reuniões diárias aumentou no contexto atual, sendo que, destes, 53% entende ter existido uma diminuição da produtividade individual.

Segundo a Deloitte, “o aumento do número de reuniões é associado a uma maior necessidade de controlo, revelando necessidade de ajustar a cultura e capacitar os líderes para operar num contexto mais ágil e flexível”.

Do inquérito resulta ainda que, embora 40% dos inquiridos revele que as admissões de pessoal previstas na sua empresa para este período foram realizadas remotamente, 30% afirma que os processos de recrutamento acabaram por ser suspensos.

Conforme nota a consultora, o atual contexto criado pela crise sanitária “abriu espaço”, também, “para reinventar as tradicionais práticas de formação”, sendo que 30% das formações presenciais foram já substituídas por formações ‘online’.

O estudo revela também que 53% dos inquiridos afirma que serão disponibilizadas medidas de apoio social aos seus colaboradores e 81% alega que serão implementadas medidas de apoio de caráter monetário.

Os dados obtidos junto dos mais de 30 executivos inquiridos, que atuam nos setores da banca, seguros, retalho e telecomunicações, entre outros, foram recolhidos através de um inquérito ‘online’ que decorreu até 20 de abril.

O objetivo do trabalho foi analisar “a forma como as organizações responderam aos desafios impostos pelo estado de emergência, caracterizado pelo confinamento social e obrigatoriedade do trabalho remoto”, e “os impactos desta situação extraordinária na produtividade dos colaboradores e respetivos impactos nos programas de recrutamento, acolhimento e formação das organizações”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 330 mil mortos e infetou mais de cinco milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.277 pessoas das 29.912 confirmadas como infetadas, e há 6.452 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (quase 2,3 milhões contra perto de dois milhões no continente europeu), embora com menos mortes (cerca de 135 mil contra mais de 170 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.

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