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PCP ataca “escândalo” de Estado “encharcar” Novo Banco com “milhões de euros”

Foto Paulo Spranger/Global Imagens
Foto Paulo Spranger/Global Imagens

O secretário-geral do PCP considerou hoje “inaceitável e um escândalo” que o Estado continue a “encharcar” o Novo Banco de milhões de euros quando há trabalhadores que “perderam tudo”.

É “inaceitável e um escândalo, em particular para aqueles que estão no desemprego e perderam tudo, os seus salários e direitos”, afirmou Jerónimo de Sousa numa entrevista à TSF conduzida pelo jornalista Anselmo Crespo, ao comentar as recentes notícias sobre a eventual injeção de capital pelo Estado no antigo BES, e em que insistiu na nacionalização do banco.

Esses portugueses que “perderam tudo”, na atual crise causada pela pandemia de covid-19, vão “questionar que se injetem milhões e milhões de euros no banco”, afirmou, responsabilizando o Estado e os governos pela situação e “poupando” a Lone Star, embora também tenha criticado o este fundo que apelidou de “abutre”.

Este fundo, afirmou, “toda a gente sabia quem era”, uma “espécie de abutre que procura apanhar os restos”, neste caso, do BES.

O secretário-geral comunista fez ainda um comentário à notícia do Público de hoje, segundo a qual o contrato de compra pela Lone Star “previu que em ‘circunstâncias de extrema adversidade’, como uma pandemia, o Estado é forçado a injetar automaticamente o dinheiro necessário para manter o banco dentro das metas de solidez definidas”.

Jerónimo de Sousa criticou que passe a “ser automático o encharcamento de milhões de euros numa autêntica sangria desatada, tendo em o quadro económico e social” em que o país vive.

“Estas injeções permanentes são mais chocantes na situação em que vivemos”, disse, numa referência à crise causada pela pandemia de covid-19.

O líder do PCP voltou a defender a nacionalização ou “o controlo público” do banco, que os comunistas vêm defendendo nos últimos anos, criticando que, neste processo, o Estado seja “um mero pagador e espetador”.

O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, afirmou em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, divulgada no domingo, que “a deterioração da situação económica leva a necessidades de capital ligeiramente suplementares” às que estavam estimadas para este ano e que foram comunicadas ao Fundo de Resolução.

Uma afirmação que levou, na segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a afirmar-se “estupefacto”.

O dinheiro recebido pelo Novo Banco para se recapitalizar totaliza 2.978 milhões de euros desde 2017, depois de em 08 de maio o Governo ter confirmado que foi realizada uma nova injeção de capital através do Fundo de Resolução bancário.

O montante transferido nessa semana foi realizado ao abrigo do mecanismo acordado na venda do Novo Banco à Lone Star, em 2017, segundo o qual o Fundo de Resolução compensa o banco por perdas em ativos com que ficou na resolução do Banco Espírito Santo.

Contudo, uma vez que o Fundo de Resolução, entidade financiada pelos bancos que operam em Portugal, não tem o dinheiro necessário às injeções de capital no Novo Banco, todos os anos pede dinheiro ao Estado, a quem deverá devolver o empréstimo ao longo de 30 anos.

Desta vez, dos 1.037 milhões de euros que o Fundo de Resolução colocou no Novo Banco, 850 milhões de euros vieram diretamente do Estado.

Também em 2018, dos 1.149 milhões de euros postos no Novo Banco, 850 milhões de euros vieram de um empréstimo do Tesouro. Em 2017, dos 792 milhões de euros injetados, 430 milhões de euros vieram de um empréstimo público.

No total, o Novo Banco já recebeu 2.978 milhões de euros do Fundo de Resolução para se recapitalizar, dos quais 2.130 milhões de euros foram de empréstimos do Tesouro.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 434 mil mortos e infetou quase oito milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.520 pessoas das 37.036 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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