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Bancários com mais trabalho durante a covid-19 e sem contrapartidas, conclui estudo

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) realizou um inquérito aos seus associados com o objectivo de avaliar o impacto das alterações laborais provocadas pela pandemia da covid-19. 56% dos inquiridos respondeu ter alterado fortemente o ‘plano normal de trabalho’ e 49% registou um aumento do volume de trabalho.

‘Tempos de pandemia: grande inquérito aos bancários’ foi realizado entre 20 e 27 de maio, através de uma auscultação online, e aferiu a opinião dos 1.195 bancários que se disponibilizaram abordar o tema das mudanças impostas pela COVID-19 no período entre março e maio.

“Este inquérito teve como objectivo recolher a opinião dos bancários sobre a situação laboral e as medidas implementadas não só pelas instituições bancárias como também pelas entidades públicas. Trata-se de um inquérito inédito em Portugal e em poucos dias mais de 1100 bancários responderam ao desafio do SNQTB”, sublinha Paulo Gonçalves Marcos, presidente do SNQTB.

Uma das principais conclusões é a constatação de que existiu uma súbita alteração no dia-a-dia dos bancários, que veio impor uma alteração nas rotinas e hábitos de trabalho dos profissionais. Do total de inquiridos, 56% respondeu que a pandemia veio alterar fortemente o ‘plano normal de trabalho’.

Esta análise permitiu ao SNQTB entender que 37% dos bancários tem uma opinião ‘neutra’ sobre as alterações ocorridas no espaço físico do seu local de trabalho, 21% avaliam-nas positivamente e 15% muito positivamente.

Quando questionados sobre o volume de trabalho, as respostas foram claras. 49% respondeu que a pandemia covid-19 veio sobrecarregar os bancários com mais volume de trabalho. Acresce ainda o facto da maioria dos bancários ter respondido que não terem tido qualquer alteração de natureza legal ou contratual.

O presidente do SNQTB acrescenta: “Este estudo veio confirmar que os bancários estiveram sempre disponíveis para fazer face às contrariedades e responderam prontamente às exigências, mas não receberam qualquer reconhecimento. Não existiu qualquer de contrapartida em termos de expressão pecuniária ou outra, como por exemplo dias de férias adicionais”.

Este inquérito tentou também perceber se existiram alterações operacionais ao negócio, mas para a maioria dos bancários este não foi um tema relevante. 39% avaliaram este ponto como neutro.

No que respeita à sua saúde mental, 46% dos inquiridos responderam que as alterações registadas foram negativas ou muito negativas. Na mesma linha, 49% consideram que a sua saúde física também foi negativa ou muito negativa.

Ainda que de forma pouco expressiva, “este inquérito veio também confirmar a percepção existente de que houve tratamento diferenciado pelas instituições bancárias, entre aqueles que asseguraram o funcionamento dos balcões e os restantes trabalhadores nos edifícios centrais”, adianta Paulo Gonçalves Marcos.

O inquérito do SNQTB analisou ainda as medidas adoptadas pelas instituições bancárias e concluiu que a maioria dos inquiridos (810 dos 1195) estiveram em teletrabalho, quer remotamente quer através de outras alternativas.

“No que concerne ao teletrabalho, aferiu-se ainda que na opinião dos bancários, numa perspectiva de médio e longo prazo, enquanto permanecer o risco, na ausência de uma vacina, sempre que possível, esta modalidade deve ser regra”, ressalva Paulo Gonçalves Marcos.

De destacar ainda que apenas 80 inquiridos referiram que a sua instituição bancária monitorizou ‘a situação de perto’, 31 indicaram que lhes foi prestado ‘apoio emocional e social’ e somente 13 salientaram que lhes foi garantida a formação para trabalhar em novo contexto.

Saúde e segurança são prioridades dos bancários

Quando inquiridos sobre ‘as suas prioridades ao longo dos próximos meses’, os bancários destacam a saúde e a segurança (1108 respostas), seguindo-se o estabelecimento de novas modalidades de trabalho (494 respostas) e a importância de se recalibrar o modelo de negócio bancário (352 respostas).

Esta análise demonstrou também que, na opinião dos bancários, a prioridade da atribuição de apoios públicos deve centrar-se na melhoria da saúde pública (69% das respostas), bem como na resposta às necessidades essenciais (73%), tais como bens e serviços básicos. Os bancários expressaram também a opinião de que os apoios públicos devem ter em conta a situação económica das empresas e, por outro lado, a sua capacidade de demonstrar a resiliência do modelo de negócio no futuro.

O SNQTB avaliou ainda que a grande maioria dos bancários têm uma opinião bastante positiva em relação à atuação das autoridades locais e nacionais, no combate à pandemia da covid-19, e neutra sobre as autoridades europeias e internacionais.

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