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Sociedade Interamericana de Imprensa condena espionagem de jornalistas na Colômbia

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou ontem veementemente a espionagem de jornalistas nacionais e estrangeiros na Colômbia e instou o governo presidido por Iván Duque a investigar e punir os responsáveis.

“Além de violarem o direito inalienável à privacidade garantido a todos os cidadãos, estas acções ilegais corroem a confiança necessária entre as fontes e os jornalistas”, afirmou o presidente da SIP, o jamaicano Christopher Barnes.

Uma investigação da revista colombiana Semana revelou que, entre Fevereiro e Dezembro de 2019, os serviços secretos militares espiaram mais de 130 pessoas, incluindo jornalistas locais, correspondentes estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos, políticos e advogados de direitos humanos.

Os responsáveis por estes actos criaram perfis pormenorizados de cada pessoa, com os nomes dos seus contactos, familiares e locais de residência, de acordo com a SIP, com sede em Miami, Estados Unidos da América.

O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, o mexicano Roberto Rock, afirmou que “as intercepções ilegais e a espionagem não são práticas novas na região”.

“Já as vimos em muitos países, incluindo Argentina, Equador, México, Peru e Venezuela”, detalhou.

Robert Rock acrescentou que, além dos riscos para os jornalistas, “estes actos constituem violações de natureza constitucional, pelo que é importante desencorajar estas práticas e levar os responsáveis à justiça”.

Barnes e Rock instaram o governo colombiano a investigar aprofundadamente a situação e a garantir a liberdade de imprensa, tal como determina a constituição do país.

A Procuradoria-Geral da Colômbia anunciou na segunda-feira que convocará o general reformado Nicacio Martínez, comandante do Exército entre 2018 e 2019, para ser interrogado sobre o escândalo de espionagem feita por aquela instituição a jornalistas, políticos e defensores dos direitos humanos.

“O general aposentado Nicacio Martínez, que era o comandante do Exército Nacional na altura dos factos objecto do inquérito, será notificado para interrogatório”, afirmou o procurador-geral, Francisco Barbosa, num comunicado lido à imprensa, sem especificar a data do processo judicial.

A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada à defesa e promoção da liberdade de imprensa e de expressão e integra mais de 1.300 publicações no hemisfério ocidental.

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