>
Mundo

Médicos Sem Fronteiras denuncia ataque “doentio” contra maternidade em Cabul

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) repudiou hoje com veemência o ataque “doentio” de terça-feira contra a sua maternidade no hospital Dasht-e-Barchi, em Cabul que provocou a morte de 24 pessoas, incluindo mães, enfermeiras e dois bebés.

“Numa situação em que as mulheres grávidas e bebés procuram cuidados de saúde, um número indeterminado de atacantes ocupou a maternidade através de uma série de explosões e um tiroteio, que se prolongou durante horas”, indica o comunicado da organização não-governamental (ONG).

Os MSF denunciam com veemência um “ato insensato de violência cobarde, que custou a vida a muitas pessoas e privou as mulheres e crianças de Cabul de um serviço de saúde fundamental, num contexto onde o acesso aos cuidados essenciais já são limitados”.

A maternidade está situada numa zona do oeste de Cabul com uma população de mais de 1,5 milhões de pessoas.

Um balanço hoje divulgado indica que foram mortas 24 pessoas no ataque e nos confrontos com forças de segurança, incluindo mães, enfermeiras e dois bebés, enquanto 20 recém-nascidos permanecem sob observação médica.

A organização lamenta as vítimas do atentado e assegura que estão a ser desenvolvidos “todos os esforços pela nossa equipa médica para acompanhar os recém-nascidos na maternidade, assegurar aos nossos doentes e feridos os melhores cuidados, fornecer apoio psicológico ao pessoal afetado e conceder todo o apoio necessário aos que perderam os familiares”.

“Enquanto prosseguiam os confrontos [na maternidade], uma mulher teve um bebé e ambos estão bem”, assinala o texto.

Os MSF indicam que todo o seu pessoal fornece um apoio inestimável às mulheres que necessitam de apoio maternal e revela que, de momento, as atividades médicas no Dasht-e-Barchi foram suspensas, mas não encerradas. Os doentes foram, entretanto, enviados para outros hospitais, e o pessoal hospitalar colocado em segurança.

“Mais que nunca, MSF manifesta a sua solidariedade com o povo afegão”, prossegue o texto.

“OS MSF abriram a maternidade com 55 camas no hospital Dasht-e-Barchi em 2014. Desde o início do ano, nasceram 5.401 bebés na maternidade e 524 bebés foram tratados especificamente na unidade de recém-nascidos”, conclui o texto.

Na sequência dos atentados de terça-feira, o Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, anunciou nessa mesma noite o reinício da ofensiva das forças governamentais contra os talibãs, que negaram qualquer envolvimento no ataque à maternidade.

Os MSF estão presentes no Afeganistão desde 1980, mas interromperam a sua atividade no país entre 2004 e 2009, na sequência da morte de cinco membros da organização na província de Badghis.

A ONG indica que em 2019 possuíam sete projetos em seis província do país, e promoveram mais de 100.000 consultas e 10.000 intervenções cirúrgicas.

Fechar Menu