A importância da educação sexual
Vivemos numa sociedade marcada por rápidas transformações tecnológicas, com uma crescente desinformação e complexidade nas relações interpessoais. Nesse contexto, a educação sexual assume um papel fundamental na formação de jovens capazes de construir relações saudáveis, baseadas no respeito, na igualdade e na compreensão mútua. No entanto, estamos perante graves retrocessos com a intenção de se retirar os conteúdos relacionados com a educação sexual das Aprendizagens Essenciais da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
A educação sexual não se resume a ensinar anatomia ou métodos contracetivos; é uma ferramenta essencial para promover o respeito pela outra pessoa, prevenir a violência no namoro e o bullying, e combater mitos e falsas crenças que ainda persistem na sociedade. Quando crianças e jovens aprendem desde cedo sobre as suas emoções, os seus direitos e os limites, estão mais bem preparados/as para estabelecer relações afetivas saudáveis, livres de abusos ou manipulações. Não considerar essencial que estes conteúdos sejam abordados nas escolas irá contribuir para um aumento da desinformação, que por sua vez alimentará comportamentos de risco, violência e intolerância.
Dados recentes indicam um crescimento preocupante da violência entre jovens, seja em contexto de relacionamentos de intimidade, familiares ou escolares. Casos de violência física, verbal ou emocional têm vindo a aumentar, muitas vezes alimentados por estereótipos, preconceitos e consequente legitimação de comportamentos violentos em relações de intimidade. Além disso, a violência escolar está alicerçada na desinformação e na falta de valorização da diversidade, aceitação das diferenças e inclusão. Quando as crianças e jovens não têm acesso a uma formação que os/as capacite a entender o que é uma relação saudável, podem facilmente cair na perpetuação de comportamentos tóxicos, que muitas vezes se estendem para a vida adulta, perpetuando ciclos de violência e discriminação.
Num mundo onde a digitalização e as redes sociais dominam o quotidiano, os/as jovens enfrentam uma enorme quantidade de informações, muitas delas falsas ou distorcidas. A desinformação acerca de temas relacionados com sexualidade, direitos, consentimento e igualdade só aumenta o risco de comportamentos prejudiciais. Assim, é imprescindível que as escolas assumam o seu papel de fornecedoras de informação fiável e de ferramentas que permitam aos/às jovens navegar neste universo digital com segurança e responsabilidade.
Dar ferramentas às crianças e jovens para construir um futuro melhor não é apenas uma questão de promover o conhecimento técnico, mas também de ensinar valores, de desenvolver a empatia, a autonomia e a capacidade de tomar decisões conscientes. Essas competências são essenciais para que possam construir relações de respeito e harmonia, seja na vida amorosa, nas amizades ou no ambiente académico e profissional.
A educação sexual é, portanto, uma componente fundamental na formação de cidadãos e cidadãs responsáveis, conscientes e capazes de construir uma sociedade mais justa e igualitária. Investir na mesma desde jovens não é apenas uma questão de saúde ou de prevenção, mas um passo decisivo para criar uma sociedade mais tolerante, mais informada e mais capaz de promover relações baseadas no respeito mútuo. Só assim conseguiremos diminuir a violência, combater a desinformação e construir um futuro onde todos e todas possam viver com dignidade, liberdade e esperança.