Mais umas interrogações…
Começou por ser uma construção fictícia, fruto da fértil imaginação e das más-línguas de uns, poucos, que só pretendiam criticar, diziam entre entregas de prémios do género “telexfree” de melhor disto e daquilo.
Depois, já era um problema mas daqueles bons, dos que gostamos de ter, que nos desafiavam na procura de soluções novas e diferenciadas, declamavam, relativizando, entre anúncios de novos voos, de novas origens.
Agora, afinal pelos vistos é mesmo uma questão, que inclusive leva a que sejam mais e mais recorrentes as vozes que se levantam contra esses diabos desses turistas, que veem para aqui estragar este notável nível de vida que temos, acabam por concluir os mesmos que antes tinham as outras perspectivas.
Para quem há tanto mas tanto tempo anda a falar sobre o tema, gastando paletes de caracteres que ainda por cima têm de ser geridos com tanta cautela, podem imaginar a frustração….
Aqui chegados, o que fazer? Continuo a entender que vamos a tempo de actuar, embora agora com mais dor, desenterrando a cabeça da areia dos já mencionados prémios e assumindo a responsabilidade do que de mal se decidiu, para que não se repitam erros.
O nosso território é um bem escasso, como tantas vezes aqui referi, que obriga a ser planeado e regulado tendo presente os condicionamentos, as características e o que dele pretendemos fazer, fundamentando isto tudo numa estratégia de longo-prazo.
Faz sentido continuarmos a discutir tetos máximos de camas, que foram já largamente ultrapassados ou tetos máximos de crescimento anual de camas que o destino consiga acomodar sem a criação de mais e novos problemas?
É de continuar a aceitar T0’s e T1’s em AL em cidades como o Funchal e o Caniço? O que acrescentam de novo ao que já existe? E mesmo novas unidades hoteleiras indiferenciadas, com projetos que não cumprem sequer a legislação no que concerne, só para dar um exemplo, a estacionamentos disponíveis, vão continuar a surgir?
Taxar percursos pedestres sem dar nada em troca, sem sequer se perceber ou limitar o número de pessoas a fazer esses passeios, com uma monitorização da capacidade de carga, faz sentido ou mais vale deixar andar assim como está?
Continuar a deixar construir em zonas já altamente densificadas não dá razão às vozes que alertam para a processo de canarização em curso, que nunca ninguém quis parar?
Permanecer na total ignorância relativamente às necessidades actuais e futuras de recursos humanos, de formação ou mesmo de importação de mão-de-obra é ainda admissível?
Deixo-vos com algumas interrogações, para que possam começar a planear os tempos difíceis que aí veem, que afinal chegarão mais depressa do que se previa.
Permitam-me uma última nota, mais pessoal: - o Zé Alberto deixou-nos muito cedo, com uma serenidade que só as pessoas de bem, como ele era, conseguem. É um exemplo de um extraordinário ser humano, a quem a indústria do Turismo muito deve. À família e aos Amigos, deixo um abraço de sentidos pêsames.