Lamentos da nossa terra
Porto Santo em obras
A ARM inundou o Porto Santo de obras em época de verão. Admitindo não haver urgência, pois parece que os processos administrativos vêm de longe, não é razoável perturbar a época mais atrativa e rentável da Ilha com obras que a todos incomodam: residentes e forasteiros.
Para mim é uma falta de respeito e um total desprezo por quem escolhe ir de férias no verão a Porto Santo. Pagar os preços elevados que se cobram na Ilha Dourada e ser surpreendido com toda esta pouca vergonha de sujidade pública, congestionamento do trânsito e falta de segurança para peões, é deveras pouco cuidado pelos seus responsáveis.
Em Maio de 1980 fui à Costa Esmeralda na Sardenha com o dr. Carlos Lélis, então secretário regional da Educação, e constatámos que, no verão, existem restrições e regulamentos complexos para realização de obras. Cada município tem regras próprias para obras públicas e particulares. Não há riscos de surpresas desagradáveis. Os turistas e residentes temporários são bem vindos, acarinhados e sentem-se satisfeitos. Nada como esta desconsideração inaceitável. Para quê começar obras agora?
Estive a semana passada em Canárias. Não tem comparação o que se recebe de cortesia e bem estar. Para além de sol. Tudo concorre para criar um destino de alta qualidade. Fruta e legumes são produzidos nas ilhas. Tudo melhorou num arquipélago onde o turismo era de fraco nível, barato e tudo acomodava. Evoluíram. Investiram. Proibiram novos hotéis, desde há quinze anos, obrigando à renovação dos existentes. Hoje é qualidade e preço. Tudo arranjadinho, onde até conseguiram extinguir o escaravelho nas palmeiras. Potencialmente dezenas de milhares de árvores sobreviventes.
Na nossa querida Ilha Dourada é confrangedor não se ter tentado travar a epidemia fatal. Agora ocupam o esforço a serrar e abater palmeiras. E esperar cinquenta anos pelas novas árvores.
O lixo especial também não é recolhido. Ouvi reclamações não habituais.
Tudo isto tem a ver com “ter ou não ter mundo”. Miguel Albuquerque é o meu líder favorito pelo “mundo” que tem. Ajuda muito na gestão da coisa pública. Na abordagem das soluções. Mas não é indo à Turquia, Índia ou Vietnam. É acompanhando o evoluir das Canárias, Baleares, Seicheles, Sardenha, Caraíbas, etc. Aqui, muitos tentam inventar soluções porque não conhecem experiências idênticas.
Golfe abandonado
Convidei os presidentes das empresas cervejeiras portuguesas para jogarem golfe em Porto Santo. Foram três dias maravilhosos ainda que sem o sol desejável. Jantares no “Torres” e no “Teodorico”, e almoço no “Pé na Água”, servidos com enorme qualidade, tudo muito gabado pelos convivas. Parabéns à Rafaela, ao Jorge e ao Ricardo.
Destoou o golfe, pelo mau dia de tempo e estado do campo. Coincidiu um casamento no Porto Santo com cinquenta convidados americanos. Alguns jogaram golfe.
Ora, os Estados Unidos e Canadá têm os melhores campos de golfe do mundo em qualidade. Pagam entre trezentos e quinhentos dólares por um jogo de golfe. Os dinamarqueses pagam quinze euros o que é miserável. Em Portugal, na Comporta, já estão construindo e explorando campos com nível americano. É a procura por aquele mercado. Naturalmente cobiçado.
Vi no Diário foto da nova presidente, com outra administradora, das Sociedades de Desenvolvimento a participar em congresso de golfe nos Estados Unidos. Não comento a oportunidade, mas aceito que tenha valido a pena a despesa para que se faça o mínimo na qualidade do campo e dos serviços. Está abandonado, no sentido que não há cuidado com a relva e com os equipamentos de jogo. Deve ser o único campo de golfe no mundo sem “green-keeper”, cuidador das zonas verdes. Tem cozinheiro, barmen, recepcionistas, cortadores de relva, diretor e assessores, profissional de golfe, etc., mas não tem um responsável pelo trabalho mais valioso: tratar as relvas. Só em Porto Santo é assim. Preferem ter assessores a técnicos especializados. Comédia golfista.
Este nível de campo “serve” para dinamarqueses, quais jogadores aprendizes que durante seis meses estão impedidos de jogar golfe no seu país. Qualquer coisa mediana serve. Também jogam quase à borla. Para os portugueses a exigência já é maior.
Agora, para americanos, o campo não é apresentável. Muito menos o é possível promover. Não imagino o que fizeram no congresso de golfe em Oklahoma. Porque se promoveram PXO como destino de golfe das duas uma: ou vão tratar de melhorar o campo para standards norte-americanos ou será um fiasco muito penalizado no futuro. Para já acredito que mentiram por lá.
Percebam uma coisa: não é possível ter um campo em simultâneo para portosantenses, madeirenses, dinamarqueses e americanos.
Se querem perceber do tema, incentivo a irem a Tróia, Comporta e Melides, com campos privados de acesso reservado, lotes para construção a dez milhões de euros cada, ficando logo inteirados que no Porto Santo não se caminha para lado algum que valha a pena. É desperdício de dinheiro numa “âncora” que podia distinguir a prosperidade da Ilha. Quem não tem dinheiro não pode ter campos de golfe.
Não acreditavam no golfe, o que já foram obrigados a reconhecer. Precisam mais um esforço para perceberem até onde pode valorizar a Ilha.
Procurem privados que façam do Porto Santo, com pelo menos mais dois campos, um percurso de sucesso financeiro valioso.
Pingo Doce
Ridículo o trânsito à porta do Pingo Doce em Porto Santo. Aprovar aquele projecto a cinquenta metros da praia, sem estacionamento suficiente, obrigando a alteração do sentido de circulação, permite tudo imaginar sobre a qualidade da gestão de quem tal aberração aprovou. Não gostam da sua terra?
Bairros Negros
Deixem que diga, antes de mais, que a responsabilidade não é só de quem faz e propõe mas, bem ao contrário, de quem autoriza. E há quem tudo consiga que seja autorizado, vamos lá saber como. Parece não haver dúvidas que quem emigra deve respeitar os hábitos e costumes locais. Não deve impor a sua origem por mais que dela goste. É assim com a cultura, com a religião, com o estar na vida, etc. Também tem de ser assim na preservação da paisagem e do ambiente geral das cidades e regiões. Percebo que uma pessoa de uma região triste, desagradável, fria e escura tenha uma concepção de integração paisagística adequada a essa raiz ambiental. Até aceito que se vista de negro num cidade de sol, alegre e cosmopolita. Há quem prefira não dar nas vistas. No entanto, não está certo que pretenda introduzir essa matriz triste e carregada em ambiente citadino luminoso, solarengo, alegre, turístico e que nada disso quis antes para o seu ambiente de vida. Nem estava esperando introduzir, ou que lhe introduzissem, essa “inovação”.
O novo bairro negro da nossa zona turística de excelência, produz uma zona escura inédita na mais viva área residencial do Lido/Praia Formosa. Não está em causa o pendor empreendedor do empresário, pois até outros edifícios idênticos criou na cidade, mas tão só as opções paisagísticas tomadas. Os arquitectos daquele bairro negro da cidade só podem ter seguido instruções recebidas. Ou então serão forasteiros sem qualquer identidade comum com a cidade. Hoje, infelizmente, muita gente está disponível para fazer o que tiver de ser mesmo ofendendo princípios de acordo colectivo. Um madeirense independente não assinava aquela mancha habitacional.
Quem aprovou estas aberrações e traições à nossa cultura e gosto ? E o telhado preto na Avenida do Infante? Como estamos em eleições autárquicas é bom conhecer os responsáveis por estas cerejas no topo da cidade.
Luís Jardim
Faleceu um músico extraordinário que acompanhou os maiores nomes do espectáculo musical. Sendo meu primo, tive o privilégio de o acompanhar em Londres na produção de disco para celebridade mundial. Tudo muito profissional. Inesquecível.
Amava a sua terra natal e, por muito tempo, procurou “juntar as pontas” para construir um estúdio em Porto Santo que atraísse os melhores músicos internacionais. Durante cerca de seis meses fariam base na Ilha Dourada onde receberiam a necessária inspiração para criarem e produzirem os seus álbuns. Seria uma cópia de exemplos já existentes nas Caraíbas. Segundo o Luís o Porto Santo teria muitas vantagens comparativas. Não concretizou pois nunca quis abusar, ou sequer que pensassem isso possível, da intervenção do seu outro primo Alberto João Jardim em qualquer burocracia que fosse necessária.
Um génio musical, que desde a década sessenta iniciou um percurso pessoal de sucesso com a particular coragem de ir para Londres, a capital mundial da música pop.
Não sabem… copiem?
Parecem atrapalhados em conceber modelo de reembolso do subsídio de mobilidade à prova de fraude. Se não sabem, copiem sistemas existentes. Canárias e Baleares parecem exemplos a copiar. Sem vergonha. A bem de solução eficiente.
E que tal acabar com reembolso por pagamento da exacta parte que cabe ao passageiro residente?