Sal Iodado e a conciliação da ciência com a política
A aprovação do Decreto Legislativo Regional que estabelece a obrigatoriedade do uso de sal iodado na Região Autónoma da Madeira, intitulado “Medida de combate à Carência de Iodo” , é a prova provada que é possível aliar evidência científica com iniciativas legislativas que permitam colmatar défices que comprometem a saúde pública.
A obrigatoriedade do sal iodado num conjunto de setores alimentares é o culminar de um projeto implementado em 2022 que assentava em 5 eixos:
1° Eixo
Acompanhamento nutricional no seguimento da mulher grávida (pre-concepção e gravidez);
2°Eixo
Acompanhamento nutricional no seguimento da criança durante a primeira infância (até aos 6 anos);
3° Eixo
Disponibilização gratuita de suplementos na gravidez (suplemento em iodo e ácido fólico):
4°Eixo
Utilização universal de sal iodado;
5° Eixo
Avaliação e estudo
A legislação sobre o sal iodado era o eixo que estava em falta e que fica agora materializado.
Este projeto assenta em objetivos concretos decorrentes de fragilidades da nossa população:
Excesso de peso e obesidade;
Défices nutricionais.
O problema da sobrecarga ponderal é uma questão amplamente conhecida e que afeta mais de metade da população regional.
O défice em iodo é uma questão que preocupa a Organização Mundial de Saúde há mais de 30 anos. Infelizmente a Região Autónoma da Madeira não foge a esta realidade e estudos regionais revelam 68% de crianças com défice em iodo, ao mesmo tempo que apenas 8,2% das grávidas do Serviço Regional de Saúde apresentava valores em consonância com as recomendações.
Sendo assim, esta iniciativa propõe-se a aumentar a monitorização nestes momentos chave (pre-concepção, gravidez e primeira infância) favorecendo o combate ao excesso de peso e obesidade, um acompanhamento mais próximo e dotando a população de informação credível para escolhas alimentares mais conscientes e proporcionar um ambiente alimentar e nutricional mais favorável.
Também permite garantir o aporte necessário de suplementos alimentares da mulher na fase de pre-concepção, gravidez e amamentação exclusiva.
E, por fim, prevenir défices nutricionais em iodo, não só nos períodos de maior vulnerabilidade da mulher, mas também na população em geral.
Este é um excelente exemplo de trabalho com principio, meio e fim, e de como conciliar informação e, consequentemente, a trabalhar de forma a ter resultados que contrariem a evidência científica atual.
A colega Joana Silva está de parabéns pela capacidade de execução do projeto em todas as suas etapas e pela habilidade de sensibilizar o poder político para a sua prossecução.