DNOTICIAS.PT
Artigos

Imigração com baixa qualificação é prejudicial ou benéfica?

A imigração de baixa qualificação é um tema com alguma complexidade, dependendo os seus impactos no país/região e nos trabalhadores nacionais/regionais de diversos fatores, como seja a estrutura económica nacional/regional, as políticas públicas de integração, a regulação do mercado de trabalho, e até, as características demográficas e culturais.

Os que se posicionam contra este perfil de imigração, defendendo que é/pode ser prejudicial, argumentam que provoca uma clara Pressão sobre salários e condições de trabalho, já que imigrantes com baixas qualificações aceitam facilmente empregos com salários mais baixos e/ou condições menos favoráveis, aumentando a concorrência em setores já precários, colocando assim em desvantagem os trabalhadores nacionais em posições similares, pois enfrentaram maiores dificuldades em negociar melhores condições, devido ao aumento da oferta de mão-de-obra. Depois temos a possível Deslocação no mercado de trabalho, havendo estudos que indicam que, em alguns casos, trabalhadores nacionais com menor qualificação podem ser substituídos por imigrantes, especialmente em setores como a construção civil, agricultura, restauração, hotelaria ou serviços básicos. E por fim, a Sobrecarga dos serviços públicos porque a chegada de imigrantes pode pressionar os serviços públicos sociais, nomeadamente a saúde, a educação, a habitação, a atribuição de subsídios, etc, tendo efeito, em especial, em classes sociais de baixos salários, onde trabalhadores nacionais também dependem desses serviços. A embrulhar tudo o atrás referido, está o desconforto e até a indignação, de ser-se atendido noutra língua que não a portuguesa, quando se está na própria terra. Do lado dos defensores de que a imigração de baixa qualificação não é prejudicial e pode até ser benéfica, é exibida a argumentação da Complementaridade da força de trabalho, uma vez que estes imigrantes, maioritariamente, ocupam empregos que os trabalhadores locais não querem, especialmente em setores com alta rotatividade e baixa atratividade, podendo isso significar a libertação de mão-de-obra nacional para trabalhos de maior qualificação. Há também o Impacto económico positivo, já que a imigração aumenta a base de consumidores, estimula a economia local e pode gerar empregos em setores como o comércio e serviços, podendo a longo prazo, o crescimento económico beneficiar todos os trabalhadores, incluindo os nacionais. Temos também as questões ligadas à Demografia e sustentabilidade, pois é nítido que muitos países desenvolvidos enfrentam o declínio populacional e o seu envelhecimento. A imigração, mesmo de baixa qualificação, ajuda a manter a força de trabalho ativa e contribui para o sistema de segurança social. Temos por fim, o potencial de Empreendedorismo e inovação, que os imigrantes, mesmo os de baixas qualificações, frequentemente têm, tornando-se pequenos empreendedores, gerando empregos e dinamizando a economia local. Sobre os efeitos negativos, que certamente os haverá, a abordagem será a implementação de políticas adequadas que os minimize, como seja evitar que empregadores sem escrúpulos reduzam salários e condições laborais, ao explorar a vulnerabilidade dos imigrantes; a disponibilização de ações de formação tanto para nacionais como para imigrantes, integrando-os melhor no mercado; uma maior regulação, controlo e fiscalização do mercado de trabalho de molde a garantir que as condições de trabalho sejam justas para todos, e muito importante, promover a integração social, de modo a facilitar a agregação geral dos imigrantes no país, para que contribuam mais efetivamente com a nação que os acolhe. Não haverá dúvidas que a imigração de baixa qualificação pode gerar grandes efeitos e desafios, alguns dos quais só visíveis e avaliáveis anos após, mas também é verdade que apresenta oportunidades, quando bem enquadrada. Embora possa haver impacto negativo em setores específicos, os benefícios económicos, sociais e demográficos poderão superar os custos, especialmente com políticas públicas eficazes e a montante. A questão não deve ser reduzida à análise, prejudicial ou benéfico, mas sim como é administrada para equilibrar os interesses de trabalhadores nacionais, imigrantes e a sociedade como um todo.