A Urgência de Brincar e ser ativo
Dia Internacional do Brincar – 11 de junho
“Todos os dias deverão ser dias de brincar na vida das crianças”.
Quando abordamos a temática do Brincar e mais especificamente do Brincar Livre, é imprescindível mencionar o Professor Carlos Neto, professor catedrático e jubilado da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa.
Sendo um ativista pelo Direito das Crianças poderem Brincar (artigo 31º da Convenção dos Direitos da Criança), tem sido um acérrimo defensor do Brincar Livre e da Liberdade na infância, que nos leva a acreditar que “Brincar e Ser Ativo” é o principal ingrediente para um crescimento e desenvolvimento saudável das crianças.
E para enfatizar esta mensagem, em março de 2024, a Assembleia Geral das Nações Unidas, adotou a resolução para a realização do Dia Internacional do Brincar a 11 de junho.
Deste modo, todos os Estados membros ficaram vinculados à difusão e defesa de iniciativas promotoras dos direitos das crianças no que concerne a mais espaço e mais tempo para brincar em todos os contextos de vida, considerando este comportamento fundamental e insubstituível no desenvolvimento humano.
Estamos, assim, perante um acontecimento de grande importância política, social e cultural para as crianças do mundo inteiro, independentemente da sua localização geográfica, situação cultural e condição de desenvolvimento.
Importância do Brincar na Infância
De acordo com Rita Cordovil, investigadora na Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, quando a criança brinca, faz atividade física, confronta-se com o risco e a imprevisibilidade, exercita autorregulação emocional e as competências sociais, desenvolve capacidades cognitivas, testa os seus limites e aprende a errar e a resolver problemas.
De facto, “Brincar e Ser ativo” representa na infância a possibilidade das crianças fortalecerem a saúde física e mental, contribuindo largamente para o seu crescimento saudável. É um motor para a aprendizagem e para o desenvolvimento de competências e habilidades, impulsionando e promovendo a criatividade, a resolução de problemas, a comunicação e a socialização. Funciona ainda como um agente regulador do bem-estar, da atenção e da motivação.
No entanto, e apesar de atualmente existir um enorme consenso entre as comunidades científicas que brincar contribui de forma única para a saúde, o bem estar, a aprendizagem, e o desenvolvimento das crianças, o que temos vindo a observar é que estas nos seus contextos de vida, encontram diariamente obstáculos que as impedem de expressar e vivenciar aquela que é a sua energia vital e natural, o movimento e o brincar.
O Brincar vale por si próprio
O Brincar Livre é um comportamento guiado por impulsos e motivações internas da criança, que lhes permite viver com intensidade e prazer o tempo-espaço de brincadeira.
Nesta ótica, Frederico Lopes, investigador da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, refere que “os adultos olham para o brincar pelo impacto no desenvolvimento ou centrado nos ganhos de competência e isso, de certa maneira, cria uma agenda e uma pressão sobre as crianças”, sendo que o desafio é os adultos desapegarem-se da ideia de resultados e de produtos finais, deixando as crianças brincarem livremente criando as suas regras e dinâmicas próprias.
Brincar + na Escola e ao Ar Livre
Neste sentido, a Direção Regional de Educação tem vindo a desenvolver o projeto Recreio Vivo, desde 2017, com o intuito de criar mais oportunidades para o brincar livre e jogar na escola, através da melhoria dos espaços físicos e humanos dos recreios.
Através desta iniciativa, operacionalizada através do trabalho colaborativo com os diversos agentes educativos, pretende-se contribuir para que os espaços de recreio se caracterizem por serem espaços interessantes e atrativos, com possibilidades de ação, aventura e contacto com o risco. Uma valorização que passa quer pela organização e configuração dos espaços, quer pela disponibilização de materiais e equipamentos lúdicos.
Segundo Rita Cordovil, é fundamental criar ambientes que promovam o movimento, a exploração e o desafio, que respeitem o ritmo e as necessidades motoras, simbólicas, sociais e cognitivas das crianças. Estes ambientes devem ter uma forte componente lúdica, pois o brincar e a aprendizagem andam de mãos dadas.
Neste âmbito, podemos destacar algumas práticas, como a iniciativa Brincar + ao Ar Livre, desenvolvida na Escola Básica com Pré-Escolar da Achada, com uma turma de pré-escolar, que visa favorecer o brincar livre em ligação direta à Natureza.
Assente em princípios de Escuta e Liberdade, possibilita a criação de espaços e contextos seguros e sensíveis aos impulsos, necessidades, interesses e motivações das crianças.
Acredita-se que estas experiências constituem oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem num contexto de brincadeiras mais ativas, livres e criativas, ao mesmo tempo que que facilitam a criação de vínculos afetivos entre as crianças e a Natureza.
Esta ligação com o Mundo Natural é fundamental para o desenvolvimento de uma consciência ecológica, que permite às crianças se sentirem parte da Natureza, criando paralelamente condições favoráveis ao desenvolvimento da motricidade e do jogo simbólico.
Fontes:
Neto, C.( 2020)–
“Libertem as crianças – a Urgência de brincar e ser ativo”. Contraponto
Decisão Histórica
da ONU: 11 de junho passa a ser o dia Internacional do Brincar - Carlos Neto -
SÁBADO
Investigadores
defendem mais tempo e espaço para crianças brincarem "sem regras"