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Crónicas

A melhor economia de sempre

Afinal somos muito melhores nas empresas que na política. Ainda bem que é assim. Ao menos não estraguem o que está bem

Não hajam dúvidas que a nossa economia está melhor que nunca. É um orgulho viver este tempo e contribuir para um sucesso coletivo inigualável na nossa História.

Não percebo porque o governo regional louva e publicita tão pouco. Já entendo que os partidos da oposição não queiram reconhecer que a Madeira e o Porto Santo vivem um excelente período económico. É inegável, nem alguém, no seu perfeito juízo, assume contrariar. É realidade estatística e factual.

A melhor economia de sempre não faz a melhor economia do mundo. Esses prémios do “melhor destino”, “melhor praia”, entre outros, são fantasias que escondem o que verdadeiramente melhor temos: uma situação económica invejável para a qual não existe jarreta dourada.

As empresas estão bem, não reclamam, têm lucros suficientes, fazem aumentos salariais responsáveis e apenas querem que as coisas assim continuem. Por favor, não estraguem o que está bem !

São acompanhadas por uma ACIF activa e testemunha deste bem estar das empresas.

Por sua vez os trabalhadores não protestam, colaboram neste período dinâmico das suas vidas profissionais, aproveitam um mercado de trabalho com diferentes opções de emprego, têm os seus salários actualizados e “desempregaram”, por desnecessários, os sindicalistas, quais ex-activistas comunistas do período “terciário” da nossa democracia.

Afinal, somos muito melhores nas empresas que na política. Na vida empresarial estão arrumadas e hierarquizadas as prioridades fundamentais, sem atropelos, gritaria e com muito sentido da responsabilidade. O mérito é determinante. Preside a empresa no seu colectivo. O individual é lateral. Todos querem o melhor para a sua empresa.

Ainda bem que é assim. Soubemos perceber o que é essencial.

Nos partidos é o caos e a luta por sobrevivência política pessoal. Aplicada a uma empresa, a estratégia de qualquer um dos partidos concorrentes a estas eleições, seria a sua desgraça. Dirão que uma empresa não é um partido nem o inverso. Mas será que o partido tem menos responsabilidade social e colectiva? Poderemos esperar apenas pelo sucesso das empresas e que se lixem os partidos? Estes não são determinantes para a sociedade?

Em Itália acreditam nesta máxima. Mudam os governos da esquerda, centro e extrema direita e nada acontece de catastrófico. Os partidos orientam politicamente o país mas a burocracia administrativa governa a Itália.

Por cá, no nosso Arquipélago, poucos querem ir para a política. A vida nas empresas é mais atrativa, útil e satisfatória. Por isso é tão grande o sucesso das empresas e tão má a credibilidade dos partidos e dos políticos. Os bons estão todos do mesmo lado.

Na Madeira e Porto Santo, com um PIB superior a sete mil milhões de euros, emprego disponível para quem quiser trabalhar, recorde de exportações, saldo positivo entre exportações e importações, baixa inflação, paz social nas empresas e no restante mercado de trabalho, são realidades que confirmam a verdadeira saúde económica da Região Autónoma. É fantástico o número reduzido de falências e insucessos empresariais.

Um hino à capacidade de gestão dos nossos empresários a quem apenas sempre reconheceram êxito quando emigrados. Agora, também o são, na sua própria terra.

Isto é um novo ciclo histórico! Tudo em 2024! No ano que há pouco terminou.

Há que adicionar um Centro Internacional de Negócios mal sucedido, burocrático e envolvido em querelas judiciais que lhe retiram competitividade e razão de continuar. Impõe-se a necessária evolução.

Agora imaginem se a Madeira dispusesse de um sistema fiscal próprio adequado à nossa economia, empresas, trabalhadores e empresários, o que não cresceríamos em sucesso a bem da nossa população. Atraindo empresas e empresários estrangeiros que proporcionariam as receitas fiscais que a pequena dimensão das nossas empresas não conseguem gerar.

Fazer igual à ilha de Malta, proporcionaria um rendimento colectivo global como nunca imaginámos. Algo que nos faria pagar a dívida pública herdada, o funcionamento dos serviços públicos gerais de saúde e educação, realizar os investimentos necessários, apoiar as empresas regionais e distribuir apoios sociais que assegurem melhor conforto e qualidade de vida.

Quem acompanhar a propaganda eleitoral dos partidos da oposição deve pensar serem as eleições realizadas noutro arquipélago.

Como forma de esconder, o que verdadeiramente interessa saber, elevam-se as vozes para dizer muitas asneiras, entre poucas verdades, sobre coisas que são bilhardice pura, muito à maneira madeirense.

A campanha eleitoral é uma vergonha de acusações, rumores, boatos e mentiras que nada esclarecem e muito menos informam.

Não há nem um programa de governo alternativo. O PSD concorre com o seu programa de governo viabilizado na Assembleia Legislativa no ano passado. É inequívoco. Os restantes onze partidos e duas coligações concorrem com nada para apresentar. Não têm essa maçada. Dá muito trabalho e ….. não vale a pena. Dão um passeiozito pela cidade, convidam a televisão e os jornais, dizem umas patetices pensadas na véspera e julgam-se satisfeitos por ter cumprido mais um dia de pré-campanha. E lá se convencem que, com isso, retiram a a maioria ao PSD e talvez elejam um ou dois deputados.

Imagino os sonhos noctívagos de grandezas eleitorais que nunca aconteceram.

Os dois únicos partidos com alguma, ainda que pequena, dimensão não passam do repetido refrão de estabilidade (PS) e de preparados para governar (JPP).

Sem programa de governo nem equipa que se veja e aprecie. É “bacalhau a pataco”.

De vez em quando falam de baixar os impostos sem referir quanto, porquê e com que retorno. É tudo no escuro, sem plano nem programa a ver se dá a ideia de algo com rigor e conteúdo previamente avaliado. Falam do ferry, da habitação, dos monopólios e outros temas populares como se os fossem resolver. Não dizem é como.

Farto-me de rir à gargalhada. Porque imaginam que as pessoas gostariam de usufruir de uma ou outra ideia, geralmente já falada, nas milhares de horas de debate histórico na Assembleia Legislativa e repetida em campanha eleitoral, como se houvesse a mínima hipótese de ser concretizada. Fazem ar sabedor e derramam sucessivas asneiras que todos percebemos serem mentiras descaradas.

Assim acabaram o partido comunista e o bloco de esquerda, como acabarão as outras aventuras partidárias existentes com o único objetivo de arranjar tacho aos meninos e às meninas que aparecem como seus protagonistas.

É ousado e ridículo ver os enormes cartazes do CHEGA prometendo acabar com os tachos quando são os maiores ganhadores de tachos na Madeira. Os demais partidos ao menos não afrontam a mente das pessoas pouco avisadas.

Deixemo-nos de aventuras. A Madeira precisa de ciclos de governo com garantia de programa e orçamento. Até podem ser interrompidos, mas sempre no fim dos respectivos mandatos. Em democracia não há regimes eternos. Há que escolher a mais competente e eficaz solução governamental para o próximo mandato de quatro anos.

A Madeira não pode ser capaz de tudo menos de ter um ciclo político completo. Então somos suficientemente bons em quase tudo menos na política? Temos que escolher com responsabilidade e não perder a oportunidade.

Escândalo na Placa Central

Repete-se, por três ou quatro vezes no ano, o governo regional proporcionar, sem concursos, enriquecimento abusivo a um grupo de gente certamente seus favoritos. A entrega de barracas para actividade empresarial na Placa Central do Funchal não tem critérios conhecidos, provavelmente privilegia amizades e relacionamentos diversos, fugindo à transparência que qualquer processo de concessão pública deve assegurar. São sempre os mesmos “barraqueiros”. Uns têm espaços maiores, todas as épocas, mandados fazer à medida pelos próprios. Há filhos e enteados. Caso de polícia. Faturam cem mil euros e pagam de renda menos de mil. Pagam impostos? Têm contratos de trabalho? O Tribunal de Contas acompanha o evento?

O que é inadmissível é o desprezo pelos estabelecimentos fixos da Avenida Arriaga, os verdadeiros prejudicados por esta actividade “selvagem”. Já retiraram, sem pré-aviso digno do nome, horas de negócio com a chamada lei do ruído. Um evidente prejuízo para a nossa economia e empresas. E para os trabalhadores. Agora é hora de seriedade e se deixarem de prejudicar as empresas da zona que pagam impostos e contratam colaboradores. Sejam justos e competentes.