Confiem na Escola, respeitem os Professores
Não nos amedrontamos com ameaças de dedo em riste, chantagens encapotadas nem com a exposição pública, e criminosa, nas redes sociais, dos nomes dos professores. Não somos armamento de arremesso político. Estamos onde sempre estivemos: na escola a trabalhar para os nossos alunos. E podem ter a certeza de que não serão certos comportamentos e práticas sombrias à moda da PIDE, travestidas de moralismos simplistas e de julgamentos precipitados que nos afastarão da nossa missão. A escola pública de hoje não é um espaço de medo, nem de perseguição: é um espaço de aprendizagens, de liberdade, de responsabilidade e de compromisso coletivo.
As salas de aula estão abertas, como sempre estiveram. O que lá acontece acompanha os alunos para casa, e ainda bem. Não há segredos nem motivos para os haver. Não nos escondemos, porque temos plena consciência das nossas responsabilidades profissionais, éticas, humanas e pedagógicas. O nosso empenho está à vista de todos, diariamente, em cada aula preparada, em cada conteúdo programático e explicação repetida, no esforço constante para chegar a todos e a cada um dos alunos, reservando uma atenção especial aos que apresentam maiores dificuldades.
Ser professor hoje é lidar com uma realidade de enorme complexidade. Trabalhamos as aprendizagens e ensinamos alunos com percursos de vida muito distintos: alguns apoiados por contextos familiares estáveis e atentos, outros marcados por contextos sociais demasiado frágeis e instáveis. Fazemo-lo num tempo de exigências contraditórias, dominado pela era tecnológica, pela inteligência artificial, pela aceleração constante e pela lógica da gratificação imediata. A atenção e a capacidade de foco tornaram-se recursos raros, permanentemente disputados por ecrãs, redes sociais, vídeos incessantes e jogos online que condicionam comportamentos e expectativas.
Apesar disso, persistimos. Atravessamos políticas educativas erráticas, reformas sucessivas e discursos que nos desvalorizam, mas não desistimos dos alunos. Trabalhamos o melhor possível, mesmo quando as condições são difíceis, mesmo quando o cansaço se acumula. Somos profissionais sérios e dedicados e, para muitos alunos, somos o único porto de abrigo estável, o único adulto que escuta, que orienta e que acredita neles.
Na escola pública convivem alunos empenhados, trabalhadores e interessados, lado a lado, na mesma sala de aula, com outros que não demonstram interesse, que acumulam dificuldades profundas, ou que revelam problemas graves de comportamento, atitudes de desrespeito e sofrimento emocional. Trabalhamos com todos, sem exceção. Não escolhemos alunos. Tentamos, todos os dias, fazer o nosso melhor por cada um deles.
Podem continuar a usar e a abusar de falácias de circunstância para manipular opiniões, todavia, podem ter a certeza de que os professores não se deixam intimidar. Sabemos o que fazemos, cumprimos, com toda a honra e orgulho, a nossa função no processo de ensino, educação e formação integral dos alunos. Deixem-nos cumprir a nossa missão de trabalhar as aprendizagens, os conhecimentos, desenvolver competências, construir saberes, promover o confronto de ideias e a reflexão sobre os valores universais. A escola precisa de confiança, não de intimidação. Precisa de respeito, não de medo. Os professores, apesar de tudo, continuam firmes, presentes, responsáveis e nunca desistem dos seus alunos.