Polónia acusa Rússia de terrorismo de Estado
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, acusou hoje a Rússia de "terrorismo de Estado" na sequência da sabotagem de uma via-férrea entre a Polónia e a Ucrânia, atribuída por Varsóvia a Moscovo.
"Atos de diversão inspirados e organizados há meses por serviços do Kremlin [presidência russa] ultrapassaram ultimamente uma linha crítica, e podemos agora falar mesmo de terrorismo de Estado", denunciou Tusk no parlamento em Varsóvia.
Tusk disse que o objetivo da Rússia consiste em "destruir a vida humana e desestabilizar os alicerces do Estado polaco", segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
O primeiro-ministro citou dois atos de sabotagem ocorridos no fim de semana passado numa via-férrea importante para o transporte de passageiros, de armas e de mercadorias em direção à Ucrânia.
Varsóvia identificou dois ucranianos suspeitos de agirem por conta de Moscovo como autores presumíveis dos atos de sabotagem.
A Polónia pediu à Bielorrússia, aliada da Rússia, para onde os dois homens terão fugido, para os extraditar.
O Governo polaco anunciou também o encerramento do último consulado russo na Polónia ainda em atividade.
Numa breve alocução no parlamento, Tusk pediu aos polacos unidade face às tentativas de Moscovo para os dividir.
A Rússia quer que "fiquemos zangados com a Europa, com a Ucrânia e, sobretudo, zangados entre nós", avisou o antigo presidente do Conselho Europeu.
Tusk disse que a Rússia pôs em curso uma ampla operação de desinformação após a sabotagem da linha férrea entre Varsóvia e a fronteira ucraniana.
Referiu que a campanha visa principalmente atribuir a responsabilidade pela sabotagem à própria Ucrânia e exortou os deputados a não repetirem as mentiras da propaganda russa.
"Apoiem a Ucrânia na guerra contra a Rússia sem qualquer 'mas'", pediu Tusk.
Dirigindo-se particularmente aos deputados da oposição nacionalista e de extrema-direita, assim como ao palácio presidencial próximo desses meios, Tusk pediu-lhes também para não porem em causa a unidade europeia.
"Apoiem um Ocidente forte, não a Rússia", insistiu.
Varsóvia denuncia há muito uma "guerra híbrida" conduzida pela Rússia contra o mundo ocidental e Tusk considerou que numa guerra não pode haver hesitações.
"Ou se é pela Polónia, ou contra ela, sobretudo no que diz respeito à segurança nacional face à ameaça russa", afirmou.
Vizinha da Ucrânia e da Bielorrússia, mas também do enclave russo de Kaliningrado, a Polónia tem estado na linha da frente no apoio à Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país em fevereiro de 2022.
Não só recebeu o maior fluxo de refugiados no início da guerra, como também tem sido a plataforma de fornecimento de ajuda a Kiev, nomeadamente de armamento.
Membro da NATO e da União Europeia, a Polónia integra o flanco oriental da aliança defensiva ocidental face à Rússia.
A Polónia integrou a União Soviética e a sua capital, Varsóvia, deu nome ao pacto militar que o bloco comunista contrapôs à NATO até ao colapso soviético, em 1991, na chamada Guerra Fria.