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Análise

O que esperar de 2025?

A população merece serenidade e uma nova atitude por parte dos agentes políticos

Estamos a dois dias do fim de 2024, um ano que ficou marcado por uma instabilidade política nunca vista na Região. Habituada a maiorias absolutas musculadas desde a fundação da autonomia, o cenário político altera-se a partir de 2019. Quatro anos depois a situação volta a mudar e já não chegam dois partidos para garantir uma maioria estável no parlamento. Com o arranque de 2024 e com as investigações judiciais tornadas públicas tudo volta, novamente, a alterar-se, para pior. Miguel Albuquerque é constituído arguido, a suspeição generalizada recai sobre o Governo Regional, a cúpula do PSD-M é decapitada e as eleições de 26 de Maio, apesar de reconfirmarem a vitória social-democrata, pulverizam sobre vários partidos os votos dos madeirenses, que negam uma maioria suportada pelos três partidos que asseguraram a estabilidade durante quatro meses (PSD/CDS e PAN). O que sai das eleições de Maio deste ano é uma divisão maior do eleitorado, que retira mais de 9 mil votos a Albuquerque, que passa a liderar um executivo débil, que alberga cinco membros, mais de metade, arguidos, numa situação insólita a nível nacional. O partido cai para 36% dos votos, muito longe das maiorias de outros tempos, definitivamente arredadas do panorama político regional. Com isto as hostes social-democratas agitam-se e abre-se uma guerra pela liderança, longe de estar terminada.

O que se segue depois de Maio ainda está fresco na cabeça dos madeirenses, cansados de tamanha inabilidade, desorganização, tricas, amuos e ajustes de contas.

O ano acaba mais instável do que começou, com eleições na agenda para o primeiro trimestre e a percepção de que tudo se vai manter na mesma, o que é extremamente prejudicial para a imagem da Região no exterior, para a captação de investimento e para a melhoria de vida das famílias. Nos balanços de fim de ano cabe a todos, sem excepção, reflectirem friamente sobre os factos que varreram 2024 e sobre o futuro. Os indicadores económicos e o nível de desemprego são favoráveis, mas há outras prioridades, outras medidas que precisam de ser tomadas, de serem efectivadas pelo poder político. Não podemos esgotar todos os objectivos na volatilidade do mercado turístico. Há que fazer mais no novo ano, mas sobretudo garantir estabilidade. Não há homens providenciais nem insubstituíveis. Têm de existir pessoas com projectos, com ideias, com vontade, com ética e moral para levarem a Região a bom porto. 50 anos de Autonomia exigem um maior amadurecimento partidário, uma nova postura perante os desafios e uma nova responsabilidade perante a sociedade. Que venham os programas e que os eleitores saibam, também eles, escolher o que melhor representam, na certeza de que não será com eleições todos os anos que ganharemos o futuro. A população merece serenidade e uma nova atitude por parte dos agentes políticos. A persistência desta crise política após as eleições antecipadas a todos vai penalizar, por isso está na hora dos partidos entenderem os sinais que lhes são enviados pelo eleitorado e assumirem as suas responsabilidades. Infelizmente não há outro caminho para chegar ao poder. Terá de ser sempre pela via partidária até uma revisão constitucional que permita a um movimento de cidadãos avançar.

Para além de legislativas antecipadas 2025 traz-nos as eleições para as autarquias locais. Como vai ficar o mapa autárquico da Região? Haverá mexidas obrigatórias, por limitação de mandato, na Calheta, São Vicente, Ribeira Brava, Porto Moniz, Câmara de Lobos, Machico e Santa Cruz, esta última decisiva para o futuro do JPP. O PSD conseguirá manter e conquistar novos domínios? O PS manterá os concelhos de influência?

No Funchal pode haver ou não surpresas. Cristina Pedra não é uma carta fora do baralho, mas tudo vai depender do resultado das regionais e do candidato escolhido pelo PS, com Miguel Silva Gouveia a congregar as preferências.

Vão os partidos reunir os melhores ou cederem às pressões em torno de este ou daquele apaniguado que mais pressão faz junto da cúpula?