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O “paraíso” laranja

Custa-me que pessoas com responsabilidade na administração do turismo sejam capazes de comprometer o futuro do destino por ganhos ínfimos no curto prazo. Custa-me, igualmente, que esta administração se disponha a fazer o mesmo para assegurar os ganhos habituais para o gangue habitual, independentemente do que seriam os melhores interesses da Madeira e dos madeirenses.

Custa-me a tacanhez de ser incapaz de ver que ganhos a curto prazo são perdas a médio prazo – e catástrofes a longo prazo. Mas mesmo num regime menos que democrático como é a Madeira, os ciclos parecem ser marcados pelas eleições, embora sejam os mesmos a ganhar há quase quarenta anos.

Os números – e, mais grave, os números errados – parecem a ser o único elemento que norteia as ações desta administração, que continua a demonstrar uma enorme incapacidade/falta de vontade de resolver problemas de dia a dia, estes sim, verdadeiro apanágio de uma administração eficaz.

As confusões sistemáticas, em locais como Porto Moniz, Cabo Girão, Rabaçal, Arieiro, Ribeiro Frio ou Ponta de São Lourenço são sinal de excesso de pressão turística. São sinais de uma tendência de massificação que a muito breve prazo vai levar a uma (ainda maior) desqualificação e desvalorização do turismo que nos visita.

E a falta de vontade de tomar atitudes é sinal de uma administração autista – que mais que não ver, não quer ver. Meus senhores, é preciso sair dos gabinetes da avenida Arriaga e ver a realidade da ilha. É preciso ter a coragem de dotar a PSP de instruções, legislação e meios para fazer cumprir regras tão básicas como as de trânsito.

E isto é principalmente simples quando algumas das soluções se pagam a si próprias. Falta apenas a vontade e a coragem de tomar as medidas que se impõem, nalguns casos há anos. Mas esta é, verdadeiramente, uma característica a que os governos regionais e as administrações de turismo do PSD nos têm habituado… autismo, indecisão e clientelismo.