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Pedidas sanções contra deputados partipantes de marchas contra a violência policial em França

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A maioria presidencial em França pediu hoje ao presidente da Assembleia Nacional que sancione os deputados de esquerda que participaram no sábado numa manifestação proibida em Paris contra a violência policial.

Cerca de 2.000 pessoas, incluindo uma dúzia de deputados de La France Insoumise (LFI, extrema esquerda) e Europe Ecologie-Les Verts (EELV), marcharam em Paris em memória de Adama Traoré, um jovem negro de 24 anos que que morreu há sete anos, logo após a sua prisão pela polícia.

A manifestação tinha sido proibida pela autoridade policial, na sequência das recentes noites de violência urbana em todo o país.

"Qualquer membro da Assembleia que se envolva em manifestações que perturbem a ordem pode estar sujeito a sanções disciplinares", escreveram na terça-feira os três presidentes dos grupos presidenciais - Aurore Bergé (Renascimento, partido do Presidente Emmanuel Macron), Jean-Paul Mattei (MoDem ) e Laurent Marcangeli (Horizons) - numa carta ao Presidente da Assembleia, Yaël Braun-Pivet.

Não se trata de "uma perturbação da ordem pública" mas de "uma perturbação no bom funcionamento dos debates" na Assembleia Nacional, afirmou em conferência de imprensa o deputado socialista Arthur Delaporte. Caso contrário, "a Assembleia substituiria a justiça e aí é gravíssimo", insistiu.

Os três signatários da carta solicitaram encaminhamento à Mesa da instituição para decisão sobre possíveis sanções e denunciaram o facto de os "deputados terem envergado o lenço tricolor nesta ocasião e terem mantido presença numa manifestação com o slogan +todos odeiam a polícia+", citando nominalmente eleitos, como a presidente do grupo LFI Mathilde Panot, o presidente do Comité de Finanças da LFI, Eric Coquerel, ou a ecóloga Sandrine Rousseau.

"É uma palavra de ordem cantada há anos e nunca ninguém foi responsabilizar os deputados que estiveram nestas manifestações, é impressionante", denunciou à AFP Eric Coquerel.

"Ao proibir tudo o que te incomoda, está a sufocar a democracia", disse a ecologista Sophie Taillé-Polian, no Twitter.

O deputado do Comício Nacional (RN, extrema direita) Aurélien Lopez-Liguori voltou a tocar no assunto durante a sessão de perguntas ao governo, acusando a "França rebelde e os ecologistas de soprar as brasas da anarquia".

"Cabe aos franceses puni-los nas urnas e aos tribunais agir", disse o deputado.

Em novembro, 36 deputados da maioria pediram, sem sucesso, "sanções" da Assembleia Nacional contra deputados que participassem de manifestações proibidas, visando principalmente ambientalistas que participavam de um projeto de reservatório de água.