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O que [não] fez o Governo Regional com o dinheiro da Europa?

Desde que Portugal aderiu à União Europeia, a Madeira recebeu verbas avultadas que deveriam ter sido usadas para resolver os seus atrasos estruturais e os condicionalismos da ultraperiferia e da insularidade.

Ao longo de quase 40 anos, chegaram à Região vários milhares de milhões de euros que, por direito, são de todos os madeirenses e que teriam de ser aplicados em prol da melhoria das suas condições de vida. Não podiam – como se vê – ser usados à mercê de um modelo de desenvolvimento que não defende os reais interesses da Madeira e que apenas privilegia os mesmos de sempre, deixando tanta gente para trás.

Os sucessivos governos regionais têm o dever e a obrigação de explicar por que razão, mesmo com todo este dinheiro, não foram capazes de resolver os enormes problemas estruturais da nossa Região. A propaganda do sistema está bem montada, é evidente, a realidade paralela inventada pelos partidos do poder consegue encher os discursos da mentira, mas não consegue esconder a realidade concreta vivida dentro das casas dos madeirenses.

Continuamos a apresentar um elevado índice de risco de pobreza e exclusão social, que, aliás, se agravou, atingindo os 30,2%. Os madeirenses têm os rendimentos líquidos mais baixos do País, a classe média perde dramaticamente o seu poder de compra e a capacidade para assumir os seus compromissos financeiros.

Com os milhões de euros provenientes dos vários quadros comunitários, como é que os sucessivos governos regionais não resolveram o problema da Habitação? Como é que não garantiram o acesso universal e atempado à Saúde? Como é que não foram capazes de prevenir e dar resposta ao desafio demográfico, criando condições para combater o problema da baixa natalidade? Porque é que não implementaram um modelo de desenvolvimento que garantisse trabalho, qualificações, salários dignos e que evitasse a precariedade laboral e a emigração?

A gestão dos fundos europeus – mas também dos milhões de euros provenientes do Orçamento do Estado e dos impostos de todos nós – exige rigor e transparência. Não basta gastar! Não basta executar! É preciso gastar bem e com visão estratégica. É preciso executar os fundos ao serviço dos interesses dos madeirenses, é preciso saber como, onde e para quê!

Não é admissível que se sirvam do dinheiro dos madeirenses e porto-santenses para fazer propaganda político-partidária, como têm feito. É imoral que o Executivo compre programas de televisão para pôr o presidente do Governo a tocar piano e o secretário regional da Agricultura a dar pontapés numa bola, numa evidente manobra de promoção partidária, quando temos milhares de pessoas a passarem por enormes dificuldades!

Os madeirenses merecem que a resolução dos seus problemas seja encarada com seriedade e responsabilidade. É tempo de mudar e de dar ao Partido Socialista a oportunidade de governar e mostrar que é possível fazer diferente e melhor.