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Morte de Berlusconi abala império económico e deixa partido órfão

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FOTO EPA/MATTEO BAZZI

A morte de Silvio Berlusconi hoje, aos 86 anos, deixa o seu partido, Força Itália, sem um sucessor claro, e abala o seu império económico, que será dividido entre os cinco filhos.

Apesar da idade, Berlusconi manteve as rédeas do partido que fundou em 1993, enquanto os possíveis sucessores foram desaparecendo ao longo dos anos. Agora, já se fala na convocação de um congresso, que não se realiza desde 1998.

Na corrida à liderança surgem agora nomes como Alessandro Cattaneo e Licia Ronzulli, esta última muito próxima de Berlusconi, ou ainda o atual ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani.

Após as eleições gerais, em 2022, vários analistas defenderam que os 8% obtidos pelo Força Itália foram o resultado do retorno de Berlusconi à política, conseguindo a eleição de 63 senadores e deputados, sem contar os cinco ministros no Executivo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

Segundo o jornal "La Repubblica", o Força Itália tem dívidas que rondam os 90 milhões de euros, cobertas por duas garantias pessoais de Berlusconi que os herdeiros terão agora de garantir.

A morte de um dos homens mais ricos do país será um terramoto para a Finninvest, empresa com um faturamento de 5.000 milhões e mais de 20.000 funcionários e dividida em sete 'holdings', quatro delas nas mãos de Berlusconi, que representa 60% do império e que agora terá de ser dividido entre os seus cinco filhos.

Atualmente os dois filhos do primeiro casamento de Berlusconi, Marina e Pier Silvio, detêm 8% cada e os filhos do segundo matrimónio, Bárbara, Luigi e Eleonora, somam 22%.

Além disso, o património de Berlusconi está avaliado, de acordo com a revista Forbes, em 7.000 milhões de euros.

Uma grande parte dos ativos imobiliários, incluindo as residências mais famosas como Arcore ou Villa Grande, é propriedade da empresa Dolcedrago, propriedade exclusiva de Berlusconi.

A sua empresa de meios de comunicação, a Mediaset, agora chamada MediaforEurope, está a reagir ao declínio que sofreu nos últimos anos. Em 2021 registou uma receita líquida consolidada de 2.914 milhões de euros, 11% a mais que em 2020, com um lucro líquido de 374 milhões de euros, 169% a mais que no ano anterior e quase o dobro do valor pré-pandemia da covid-19 em 2019.

E as vendas de publicidade em Itália, em particular, cresceram tanto em relação a 2020 (+14,4%) quanto a 2019 (+2,4%).

Na editora Mondadori, a presidência é de Marina Berlusconi. É a maior editora de livros e revistas em Itália e a terceira na publicação de revistas de consumo em França; também possui a mais extensa rede de livrarias do país.

Já o grupo Mediolanum, controlado pela Fininvest e pelo Grupo Doris, é o líder do mercado financeiro italiano com 1.129.000 clientes, 70,7 mil milhões de euros em gestão, e 2.171 funcionários.

No momento, Luigi, Barbara e Eleonora não têm nenhum papel operacional no grupo, mas atuam como acionistas da Fininvest e fazem parte do conselho de administração.

No passado, Barbara foi nomeada pelo conselho de administração do Milan como vice-presidente e administradora com responsabilidade por funções sociais não desportivas, mas esta experiência terminou em 2017, após a venda do clube ao empresário chinês Yonghong Li e posteriormente ao fundo de investimento Elliott.

Silvio Berlusconi, que hoje morreu aos 86 anos, foi uma figura polémica, magnata dos 'media', conservador e de direita e primeiro-ministro de Itália durante nove anos (1994-1995, 2001-2006, 2008-2011).

Foi alvo de acusações de corrupção e esteve no centro de escândalos sexuais que culminariam na sua expulsão do Senado italiano, em 2013.