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Há lodo na lapinha

A democracia portuguesa colocou-nos no sapatinho, mais uma eleição extra. Como os cofres bancários de abertura retardada, iremos votar a dez de março, após a demissão do Primeiro-Ministro, em decorrência do processo judicial em curso, que enlameou o núcleo da governança.

Montenegro tem poucos meses para mostrar tudo aquilo que assumiu não ser, desde que Rui Rio vagou a paupérrima liderança que protagonizou, e que este penosamente carrega sem chama. Vai ser uma Via Sacra, que suscita dúvidas desta eternidade até 10 de março. Será para o PS se recompor com um novo líder, ou é para Montenegro operar o milagre da metamorfose numa borboleta, após o estádio larvar em que se mantém atolado? Será a pressão imposta à justiça para que o inquérito se desabelhe antes das eleições, destinada a que os indiciados da operação “Influencer” sejam despronunciados das suspeições?

O PS regional sem mais soluções admissíveis, tem um líder reaquecido. Paulo Cafôfo, após abandonar o Funchal e o compromisso como parlamentar na Madeira, desertou a somar milhas pela diáspora portuguesa sem que lhe reconheçamos um rasgo marcante. Enquanto político é uma soma de abandonos e de pródigos regressos, a mando de Lisboa. Os socialistas madeirenses acalentam um minúsculo mito sebastiânico em torno deste retornado, depois do melhor resultado que alguma vez almejaram, não por si, mas numa situação conjuntural irrepetível, mesmo colecionando mais uma derrota. O Largo do Rato padece também de falta de novas faces visto que, no fundo do tacho rapado dos ungidos de Costa, ninguém mais, ou nada de novo subsiste, para além do escabioso buraco-negro socrático que ainda mexe. O furão da geringonça de 2015 está salivando por reeditar outra empreitada. Sem linhas vermelhas ou cercos sanitários, como aqueles que impõe à tola direita, que acefalamente se permitiu aprisionar num fabricado mito alheio, que é a da denominada extrema-direita, personificada pelo antiCristo André Ventura. Mussolini, Hitler e outras hidras malévolas, vêm atreladas na ferrovia do holocausto, replicadas pelos camarados saudosos da revolução bolchevique. Mas, o teste do algodão aqui perto, mostra-nos que quem faz acordos com separatistas condenados, com ex-terroristas, e que atenta à separação de poderes judicial/político, chafurdando o risco da fragmentação nacional, são os socialistas espanhóis de Pedro Sánchez. A crispação política em Espanha e o seu peso na nossa balança comercial, é perturbadora. O facto de termos a emergir Pedro Nuno Santos, como um astuto lobo com pele de cordeiro social-democrata, também não é nada tranquilizador, porém, a animação é garantida. Isto não é musgo. É lodo!

Boas Festas!