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PROJETO BELONG - pertença, inclusão e bem-estar na Universidade da Madeira

Está a ser desenvolvido um estudo, financiado pela União Europeia, em cinco universidades europeias, onde se inclui a Universidade da Madeira. O trabalho versa sobre o sentimento de pertença, inclusão e bem-estar. A equipa integra cerca de 20 investigadores da Comenius University, Nottingham Trent University, Central European University, Masaryk University e Universidade da Madeira (UMa), que fizeram sair os primeiros resultados do projeto colaborativo BELONG.

Irei me debruçar, essencialmente, sobre o caso dos estudantes da UMa. Das declarações e intenções de valores, princípios e missão, a UMa está alinhada com as restantes universidades europeias: autonomia, cortesia, democracia, igualdade, Justiça, fraternidade, independência, transparência, confiança, etc. São estes os valores que nos guiam. No entanto, são referidas situações de burocracia e comunicação excessivas, problemas mentais, de não inclusão e, até, de xenofobia.

Dos 620 informantes que participaram no estudo, 459 são estudantes. Apenas a eles irei caracterizar: 26% são homens e 62% mulheres. As médias de idades rondam os 22 anos e são estudantes que podemos qualificar como bons, já que a média de entrada na UMa foi de 14 valores. Em termos emocionais e pessoais, 214 estudantes estão envolvidos numa relação (namoro, casamento ou união de facto) e 245 não estão envolvidos com ninguém do ponto de vista afetivo. Da totalidade dos informantes, 85.8% são locais e 3.3.% são estrangeiros, sendo 412 heterossexuais, 33 bissexuais e 14 homossexuais.

Do sentimento de pertença: apenas 5% não se sente parte da UMa e 38% sente que, de alguma forma, tem importância na instituição. Em geral, os estudantes têm um bom desempenho, mas não se sentem satisfeitos academicamente. Por outro lado, a UMa está, francamente, de parabéns num outro aspeto: os estudantes sentem que pertencem à instituição.

9.4% dos estudantes estão limitados por problemas de saúde e 10.5% foram diagnosticados com doenças mentais. 50% dos estudantes passam, em alguns dias, por ansiedade, depressão e desinteresse. 42% sente que perde o controle. Apenas 33% sente alegria em mais de metade do seu tempo e 30% não descansa o tempo recomendado. Apenas 27% dos inquiridos sentem-se ativos. Os problemas mentais identificados são: ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, déficit de atenção, autismo, esquizofrenia, alcoolismo e bipolaridade.

Os estudantes da UMa ocupam o 2º lugar no que diz respeito a depressões, estando em primeiro lugar os estudantes de Bratislava (UNIBA). O staff, na mesma categoria fica empatado com o Reino Unido (NTU) no 3º lugar.

Em termos de realização pessoal, 50% dos estudantes da UMa sentem-se realizados. Apenas 19% não está disponível para alterar a sua vida. No entanto, quase 40% não sabe se quer alterar o seu modo de vida. Os estudantes, quando se referem à sua vida pessoal, dizem que não se sentem abandonados nem isolados, mas socialmente não conseguem identificar o seu grau de satisfação quanto ao mundo de que fazem parte.

A pandemia reforçou a importância do desenvolvimento do sentimento de pertença e da saúde mental em contextos institucionais, neste caso, universitários. Os dados, de um outro estudo desenvolvido pela UE indicam que 75% dos distúrbios do foro mental começam no início da vida estudantil e universitária. Temos os indicadores. Agora é tempo de pensarmos políticas institucionais que reflitam práticas inclusivas.