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Verdade ou Consequência

“Não nos iludamos pelo facto do nosso adversário necessitar de uma bengala. Nem mesmo pela probabilidade de vir a recorrer a uma espécie de andarilho partidário.” – esta frase foi proferida por mim na apresentação da minha candidatura à liderança do PS-Madeira a 5 de fevereiro de 2022. Desde então, e até ao último dia de campanha para as eleições regionais de 2023, referi a importância do voto para mudar a Madeira, não um voto qualquer, mas o voto no Partido Socialista, porque caso contrário teríamos uma solução idêntica à que antecipei no início desta caminhada.

Assumi desde o primeiro momento uma postura construtiva, de apresentação de soluções concretas para os problemas da nossa Região e dos madeirenses, desde a redução de impostos à construção de mais habitação, passando pela melhoria do acesso à saúde ou pela educação gratuita, entre tantos outros temas que poderia igualmente mencionar. Todo este trabalho foi assente em valores e princípios dos quais não abdico, com um compromisso claro e evidente: falar verdade aos madeirenses.

Respeitando naturalmente os resultados eleitorais, expressão da vontade das nossas gentes em democracia, e assumindo naturalmente as minhas responsabilidades, vejo infelizmente que nem todos os partidos ou candidatos falaram a verdade. E os exemplos são muitos!

À promessa do Presidente do Governo de que se demitiria caso não obtivesse maioria absoluta, incumprida logo na noite eleitoral, seguiram-se declarações quase inacreditáveis, assumindo que o fez de forma propositada para obter mais votos e afirmando que “os políticos não são santos”. Quando alguns políticos não falam a verdade, resta aceitar a consequência.

Poucos dias após as eleições regionais, a Madeira enfrentou incêndios de grande proporção. O risco era evidente e o PS-Madeira alertou inúmeras vezes para esse facto. Não apenas falando verdade, mas apresentando na Assembleia Legislativa da Madeira diversas propostas para a gestão do espaço florestal e dinamização do setor primário, em particular da criação de gado nas serras, como forma de reduzir os riscos de incêndio. Propostas que foram liminarmente rejeitadas e menosprezadas pela maioria de bloqueio PSD/CDS ao longo da última legislatura. Pelas piores razões, a consequência é hoje do conhecimento geral.

Mudam-se as legislaturas, da bengala passamos ao andarilho, mas teimosamente nada muda. Senão vejamos, como último exemplo, a situação do teleférico do Curral das Freiras. Em plena campanha eleitoral, a poucos dias das eleições o PAN foi àquela localidade dizer que era contra a construção do teleférico, uma vez que este ia descaraterizar a paisagem natural única, que tem pouca intervenção humana. Agora, em virtude de um acordo para viabilizar uma maioria parlamentar, o discurso altera-se. O PAN já não é contra, quer apenas mitigar riscos (de algo que ainda não existe) e afirma que voltar atrás trará alguns prejuízos para a Região. Refere o PAN numa carta aberta que “dizer é fácil, fazer é mais difícil” ou que aceitou o “lado difícil” ao fazer o acordo com o PSD. Está claro, pois, que os princípios que se defendiam afinal têm preço, e que novamente alguém faltou à verdade. Para a história ficará a consequência.

O Partido Socialista continuará a defender a Madeira, o Porto Santo e as suas gentes, fiel aos seus princípios e ideais, fiscalizando a ação do Governo Regional e apresentando soluções para os problemas da nossa Região. Este é o nosso compromisso, porque preferiremos sempre falar verdade do que nos resignarmos com as consequências.