A Guerra Mundo

Duros combates em curso em Soledar onde "já quase não há vida"

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FOTO EPA/GEORGE IVANCHENKO

O chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigojin, confirmou hoje que estão em curso duros combates nos arredores da cidade de Soledar, próxima de Bakhmut, na região ucraniana de Donetsk.

Os combates na pequena cidade que tinha pouco mais de 10.000 habitantes antes da guerra - e onde "já quase não há vida", segundo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky - tinham sido referidos nas últimas horas por várias fontes como parte da tentativa de conquista de Bakhmut, situada a cerca de 10 quilómetros.

"Sejamos honestos, (...) o exército ucraniano está a lutar corajosamente por Bakhmut e Soledar", reconheceu Prigojin, citado na rede social Telegram pelo serviço de imprensa do grupo Wagner, segundo a agência francesa AFP.

Os mercenários liderados por Prigojin estão a desempenhar um papel de liderança na batalha por Bakhmut, uma cidade de importância estratégica questionável, mas que assumiu um forte valor simbólico à medida que ambos os lados lutam pelo seu controlo há meses.

Bakhmut situa-se em Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), uma das quatro regiões que a Rússia disse ter anexado ao seu território no final de setembro do ano passado, juntamente com Lugansk, Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo com a Crimeia em 2014.

Estas anexações não são reconhecidas pela Ucrânia nem pela generalidade da comunidade internacional.

Conhecido por "cozinheiro de Putin", numa alusão à sua atividade empresarial e às ligações com o Presidente russo, Prigojin disse também que as forças armadas ucranianas "estão a defender honrosamente" Soledar.

"As reivindicações de deserções em massa das suas fileiras não correspondem à realidade", acrescentou.

Prigojin, que tem criticado o comando das forças armadas russas, já tinha afirmado na segunda-feira que a ofensiva em Soledar tinha sido iniciada exclusivamente por membros da sua organização.

Na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos, disse hoje que Prigojin continua a reclamar o sucesso dos paramilitares que financia e lidera para "reforçar a reputação do grupo Wagner como uma força de combate eficaz".

Situada a nordeste de Bakhmut, Soledar é adjacente a Bakhmutske, uma aldeia que os separatistas pró-russos afirmaram ter conquistado.

O líder dos separatistas de Donetsk, Denis Pushilin, disse hoje a uma televisão russa que Soledar estava "muito perto da libertação".

Pushilin reconheceu, no entanto, que o avanço das tropas russas está a ser alcançado "a um preço muito elevado", segundo a agência espanhola EFE.

Na sua habitual comunicação noturna aos ucranianos, Volodymyr Zelensky traçou um quadro de destruição em Soledar, onde "já quase não há vida".

"Toda a terra perto de Soledar está coberta com os cadáveres dos ocupantes e cicatrizes dos ataques", disse Zelensky, citado pela agência norte-americana AP.

O Ministério da Defesa britânico confirmou hoje que o exército russo e as unidades Wagner conseguiram "avanços táticos" em Soledar nos últimos quatro dias.

Segundo os analistas militares de Londres, a intenção será "muito provavelmente tentar cercar Bakhmut do norte" e perturbar as linhas de comunicação ucranianas.

"Parte da luta concentrou-se nas entradas dos túneis das minas de sal desafetadas com 200 quilómetros de comprimento, que correm por baixo do distrito. Ambos os lados estão provavelmente preocupados com a possibilidade de serem utilizados para infiltração atrás das suas linhas", disse o ministério britânico na rede social Twitter.

Contudo, segundo a mesma fonte, "é pouco provável" que o cerco de Bakhmut pelos russos esteja iminente, porque as tropas ucranianas "mantêm linhas defensivas estáveis em profundidade e controlam as rotas de abastecimento".

As informações que as duas partes divulgam sobre o curso da guerra, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, não podem ser confirmadas de imediato de forma independente.