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Mais de 30 civis mortos em ataques atribuídos a extremistas islâmicos na RDCongo

Foto EPA/STR
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Mais de 30 civis foram mortos e 16 ficaram gravemente feridos em ataques atribuídos a rebeldes 'jihadistas' e milícias no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), onde combates prosseguem, anunciaram ontem o exercito e autoridades locais.

Rebeldes do grupo armado Zaire entraram na noite de sexta-feira em Damasco, uma aldeia no território de Djugu, na província de Ituri, e mataram 22 pessoas, disse o porta-voz do exército congolês, Jules Nongo, condenando o ataque.

De acordo com Pilo Maka, líder de um grupo de aldeias na área, os milicianos do Zaire invadiram Damasco enquanto os seus moradores participavam de uma vigília e dispararam contra a multidão. Além dos 22 mortos, a mesma fonte acrescentou que outras 16 vítimas ficaram gravemente feridas.

A milícia Zaire define-se como um grupo de autodefesa de membros da etnia Hema, que há muito se encontra em conflito na Ituria com o seu rival Lendu, nomeadamente face aos ataques da milícia Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco).

Em 1999 e 2003, os confrontos entre as duas comunidades causaram milhares de mortos, antes da intervenção de uma força de paz europeia.

A violência recomeçou em 2017 nesta província rica em ouro, atribuída em particular ao surgimento da Codeco, considerada um dos grupos armados mais mortíferos e ativo há mais de 25 anos no leste da RDCongo.

O Zaire e a Codeco lutam pelo controle das minas de ouro da região, sem se preocupar com as vítimas civis dos seus confrontos, explicou Maka.

Mais de 120 milícias estão listadas no leste da RDCongo, onde alimentam a violência há quase 30 anos, incluindo os rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), apresentada pelo grupo extremista Estado Islâmico como o seu braço na África central (Iscap, no acrónimo em inglês).

Segundo Atibo Yofesi, chefe de diversas aldeias no território de Irumu, da província de Ituri, os rebeldes das ADF atacaram na sexta-feira à tarde a aldeia de Kandoyi, em especial ateando fogo a casas.

Hoje, jovens da aldeia ali encontraram os cadáveres de nove civis mortos, enquanto os combates prosseguiam na aldeia vizinha, Bandiboli, indicou o responsável.

"Continuamos as buscas" por outras eventuais vítimas, acrescentou.

Dieudonné Malangay, um representante da sociedade civil local, confirmou o balanço de nove mortos em Kadoyi e acrescentou que mais um civil foi morto nos combates entre as ADF e o exército congolês hoje em Bandiboli.

As ADF são acusadas de massacres de milhares de civis desde 2014 na RDCongo, mas também no vizinho Uganda.

O Presidente congolês, Felix Tshisekedi, colocou no ano passado Ituri e a província vizinha de Quivu do Norte sob o controlo das forças de segurança, para tentar ali reduzir o nível de violência, mas tal não erradicou até agora os ataques contra civis.

Em junho deste ano, a ONU emitiu um alerta perante "a espiral de violência armada" que fez nos últimos meses várias centenas de mortos e centenas de milhares de deslocados no leste da RDCongo.