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Freedom House e activistas acusam Trump de ser anti-LGBT

Foto EPA
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O presidente da organização Freedom House e ativistas dos direitos dos homossexuais acusaram o Presidente dos Estados Unidos de passar uma mensagem de apoio à discriminação ao hospedar o seu homólogo polaco na Casa Branca.

Donald Trump deverá receber Andrzej Duda esta quarta-feira - quatro dias antes de Duda concorrer a um segundo mandato de cinco anos -- para discutir temas de defesa e economia.

“Estamos preocupados por a visita [do Presidente polaco] à Casa Branca poder estar a enviar um sinal de apoio político a um candidato cuja campanha se envolveu em retórica homofóbica e antissemita”, disse o diretor de pesquisa para Europa e Eurásia da organização Freedom House, Zselyke Csaky.

“Fazer das minorias um bode expiatório” dos problemas “é uma estratégia perigosa que deve ser condenada, e não apoiada, pelo Presidente dos Estados Unidos”, acrescentou.

A visita foi anunciada na semana passada depois de Trump ter dito que planeava retirar milhares de militares norte-americanos da Alemanha, alguns dos quais poderão ser transferidos para a Polónia, que também faz parte da Aliança Atlântica.

A Polónia é vista como um dos países mais entusiasticamente pró-americanos da Europa e a visita poderá dar um impulso à reeleição de Duda.

Um grupo de defesa dos direitos LGBT de Washington, a Human Rights Campaign Foundation, também condenou a visita de Duda à Casa Branca a poucos dias das eleições presidenciais da Polónia, que acontecerão no domingo.

O Presidente da Polónia Duda fez dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros) um dos temas-base da sua campanha, prometendo proteger as famílias polacas daquilo a que chamou “a ideologia LGBT”, que considerou “mais perigosa do que o comunismo”.

Esta não é a primeira vez que os direitos da comunidade LGBT são um tema usado em campanhas eleitorais da Polónia.

O partido populista Direito e Justiça, que apoia Duda, também adotou a mesma mensagem antes das eleições legislativas do ano passado, que venceu, numa altura em que vários municípios do país se declararam “livres de LGBT”.

Segundo os ativistas, o uso de retórica anti-LGBT por Duda é uma estratégia “vil, manipuladora e perigosa” e, ao recebê-lo, Trump mostra que “não é amigo” da comunidade de direitos dos homossexuais.

O congressista norte-americano Eliot Engel, do partido Democrata, presidente do Comité de Negócios Estrangeiros do Congresso, considerou que o convite do Presidente dos Estados Unidos a Duda é um exemplo da “paixão de Trump por líderes que demonstram tendências autocráticas”.

“O Presidente Duda e o seu partido promovem estereótipos e políticas homofóbicas e anti-LGBTQ terríveis, que são contrários aos direitos e aos valores humanos que os EUA devem esforçar-se para defender”, disse Eliot, num comunicado divulgado na semana passada.

Duda é o candidato à presidência com mais intenções de voto, entre os 11 que se apresentaram às eleições, mas o seu apoio caiu nos últimos tempos devido ao impacto que a pandemia de covid-19 teve na economia da Polónia.

As sondagens preveem que ganhe, com cerca de 40% dos votos, ficando assim abaixo do limite de 50% que lhe daria uma vitória à primeira volta.

Caso estes números se comprovem, a Polónia terá uma segunda volta das presidenciais em 12 de julho, provavelmente entre Duda e Rafal Trzaskowski, atualmente presidente da câmara de Varsóvia, que tem vindo a ganhar popularidade.

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